O aeroplano (1980) é um clássico da comédia. É absurdo, ridículo e juvenil no melhor sentido possível. Dos realizadores Jim Abrahams, David Zucker e Jerry Zucker (trio coletivamente conhecido como ZAZ), surge em resposta à onda de filmes de desastres aéreos que surgiram nos anos 70. É um dos precursores do subgénero de paródia, servindo de inspiração para sagas como Police Academy e Austin Powers.

O Aeroplano

Como filme de paródia escolhe o enredo de Zero Hour (1957) como vítima. Os passageiros seguem num voo comercial transformado em desastre quando os pilotos e metade dos tripulantes sucumbem a um vírus alimentar. Cai então nas mãos de um ex-piloto militar, traumatizado pelos seus anos de serviço, aterrar o avião em segurança.

Esta é a fundação sobre a qual se irá construir o que só pode ser descrito como uma série de sketches que ocupam os 88 minutos do filme. Filme este que decorre sem nunca perder o fôlego ou abrandar o ritmo. O humor vem em todas as formas e feitios: há comédia visual, trocadilhos e diálogos exorbitantes. Muitas vezes não resulta, mas a vasta densidade de piadas contidas em cada minuto não permite parar de rir.

Mas onde este filme se verdadeiramente solidifica como rei da paródia é na subversão das expectativas do espectador. Um bom exemplo desta situação é quando Ted Striker (Robert Hays) refere que os traumas da guerra reacenderam o seu problema com a bebida. Naturalmente, pensamos em alcoolismo, mas o que se segue é totalmente imprevisível.

O Aeroplano

Esta técnica humorística é executada perfeitamente no decorrer do filme, devido em grande parte ao casting feito por ZAZ. Robert Hayes, Julie Hagerty, Lloyd Bridges, Peter Graves e Leslie Nielsen são todos atores que habitualmente desempenham papéis sérios. E nesta performance são instruídos para fazerem exatamente isso, o que cria um contraste hilariante com a pura imbecilidade do que dizem e fazem.

Apoiada por uma banda sonora intencionalmente genérica, o que sai dos estúdios da Paramount Pictures em 1980 é uma das comédias mais aclamadas pelos críticos. E apesar de 30 anos depois algumas referências e piadas perderem a relevância, O Aeroplano continua a ser a receita perfeita para uma boa gargalhada.