O segundo dia do Festival Vodafone Paredes de Coura ficou marcado pela dança de Jungle e Confidence Man.
O festival Paredes de Coura continuou na passada quinta-feira. O segundo dia foi uma verdadeira pista de dança, protagonizada por Jungle e Confidence Man. Destaque ainda para os concertos dos Fleet Foxes, Surma e Japanese Breakfast.
As luzes estavam acesas. Um teste na bateria deu a falsa partida que levantou Coura com entusiamo. Mas o concerto ainda não tinha começado. Ainda faltavam alguns minutos, mas quem já se tinha posto a pé não voltou a sentar. E eis que as luzes do palco se apagam. Da plateia, uma enchente de vozes gritava pelos Jungle, que entravam pela escuridão.
Abrem com “Platoon” e, de imediato, começam também as danças. “Yeah! Façam barulho”, incentivava a banda. A energia e presença em palco da banda soul conquistaram o público. Incansáveis, os membros dos Jungle dançavam em palco, em sincronia com a plateia e incentivavam Coura a se desprender e dançar com eles. “Vamos lá, ponham as mãos no ar”, dizia Josh Lloyd-Watson. Desde o palco ao cume do anfiteatro natural de Coura, um mar de mãos levantou-se para acompanhar os Jungle na sua odisseia disco, funk, soul.
Quando chegou a hora de dizer “Boa-noite” ao festival, uma salva de palmas e uma onda de gritos deixaram a banda sem jeito nem palavras, apenas com um sorriso que nunca mais desapareceu do rosto de cada elemento do coletivo. “Não podia estar mais feliz. Num lugar bonito a tocar para pessoas tão bonitas”.
O segundo álbum da banda, “For Ever”, será lançado a 14 de setembro deste ano. Em Paredes de Coura, a banda aproveitou para mostrar algumas das novas canções, como “Happy Man” e “Casio”. Canções como “Heavy California”, “The Heat”, “Julia” e “Drops” também ajudaram na festa da selva. O groove constante da banda não deixava que a dança acalmasse.
Perto do fim do concerto, a banda, num momento muito emocionante, dedicou “Lemonade Lake” à rainha do Soul, Aretha Franklin, cuja notícia do falecimento chegou horas antes do concerto. “Ela é uma grande inspiração para toda a gente neste palco. Vamos continuar a ter a música dela bem viva”.
“Busy Earnin’” chegou no penúltimo lugar do alinhamento e provocou a maior explosão de dança do festival. Por todo o lado, o público dançava, cantava o riff da canção, colocava as mãos no ar e gritava a letra com a banda.
(Pode ler sobre o primeiro dia do festival Paredes de Coura aqui)
Quem ainda tinha energia para continuar a dançar depois de Jungle apressou-se para o palco Vodafone FM, onde decorrem os After Hours. Os australianos Confidence Man deram um espetáculo sem igual. As danças divertidas, os ritmos energéticos e a atitude estranha e divertida da banda provocaram um dos maiores espetáculos da noite.
A plateia encheu para ver e ouvir a banda a tocar e, ao mesmo tempo, libertar os corpos numa festa de dança. As coreografias sincronizadas dos dois vocalistas dos Confidence Man contagiaram o público que os ia imitando. Especial nota para a dança de “C.O.O.L Party”, que, com uma dança a lembrar “YMCA”, colocou os presentes a dançar “C-O-O-L Cool. I’m a cool party girl in a Cool party world”.
Os vocalistas trocaram de roupas três vezes, cada uma mais estranha e divertida do que a outra. Sempre que o duo saia do palco, outro tomava conta da festa. O baterista e o DJ e teclista mantinham a dança acesa na ausência dos cantores. Os dois músicos atuavam de cara tapada com máscaras escuras e boxers, mas com a mesma energia.
Antes da festa de dança de Jungle e Cofidence Man, os Fleet Foxes atuaram no palco principal. O indie folk da banda causou uma forte onda de aplausos. As canções suaves convidaram uma boa parte da plateia a ver o concerto sentados na relva. Mas outros continuavam de pé, a ondular com o som da banda.
Robin Pecknold mostrou-se um pouco tímido e impressionado com o cenário à sua frente. No meio da frontline, o músico reconheceu uma cara familiar. “Lembro-me de ti. Lisboa, não foi? Obrigado por estares cá!”.
O público ia acompanhando o ritmo da banda com palmas e mexia-se guiado pelos sons. Mas o concerto deixou algo a desejar a muita gente. “Fiquei impressionado, não conhecia bem o reportório da banda. Mas a hora não foi a melhor, ainda por cima antes de Jungle”, partilhou Rui Silva, um dos cerca de 25 mil festivaleiros no anfiteatro natural de Coura.
Antes de Fleet Foxes atuarem no palco principal, Japanese Breakfast atuou pela primeira vez em solo nacional no palco Vodafone FM. “Nós já tocamos em muitos festivais e estamos um pouco cansados de ir a concertos, mas este festival é o único que queremos mesmo ver”.
O projeto de Michelle Zauner encantou a plateia com o indie pop suave e tranquilo, bem como a personalidade querida da artista. Canções como “Boyish”, “Heft”, “Everybody Wants to Love You”, “Machinist” e “Road Head” foram muito aplaudidas pelo público, que não parava de ondular e dançar ao som da artista. “Muito obrigado por uma estreia perfeita”, rematou Michelle.
Surma atuou às 22h20 no Vodafone FM. Débora Umbelino entrou em palco com os seus “irmãos mais velhos” da Casota Collective. Depois da introdução, a artista portuguesa ficou só em palco, mas bem acompanhada por uma forte audiência. Débora estava muito nervosa e tímida, mas isso não a impediu de dar um concerto que deixou o público arrebatado. A artista escondia-se atrás da mesa que segurava as loop stations, com um grande sorriso, sempre que uma forte salva de palmas do público agradecia. “Eu amo este festival. Obrigada por estarem aqui comigo. Este é dos melhores dias da minha vida”. A artista atuou com um sorriso de orelha a orelha. No fim do concerto atirou-se em crowdsurf para o meio do público que tanto a acariciou.
No palco principal, Paulo Furtado voltou mais uma vez a Paredes de Coura. Quem o conhece, já sabe o que a casa gasta. Quem não conhece, ficou a saber. Legendary Tigerman fez aquilo que melhor sabe: dar um concerto energético, recheado de mosh, e uma verdadeira ode ao rock ‘n’ rol que, como é habitual, culminou na prolongada e frenética “Twenty First Century Rock ’n’ Roll”.
De tarde, os Shame incendiaram o palco principal. A banda britânica regressou a Portugal, depois de passarem pelo Milhões de Festa no ano passado. “Da última vez que cá estivemos tocamos numa festa de piscina. Foi estranho”, disse Eddie Green.
A atitude punk da banda atraiu muita gente que se debatia entre mosh e crowdsurf. Os músicos incentivavam o crowdsurf e avisavam os seguranças para deixarem as pessoas aproveitar o concerto à vontade. “Este é o nosso concerto, divirtam-se. Segurança, se eles quiserem fazer crowdsurf, deixem-nos.”
Os Mystery Lights tocaram, cheios de energia, para uma plateia bem composta no Vodafone FM, apesar do concerto arrancar aos solavancos, devido a alguns problemas técnicos. Também no Vodafone FM, os portuenses FUGLY abriram para uma plateia bem composta e que esperava o rock relaxado e divertido da banda. Os X-Wife abriram o palco principal da melhor forma. A energia da banda portuguesa transitou para o público, que dançava a compasso ao som de músicas como ”
O Festival Paredes de Coura continua hoje com os concertos de Slowdive, DIIV, Skepta, Frankie Cosmos, … And You will know us by the Trail of Dead e dos minhotos smartini.