O primeiro dia do festival Paredes de Coura ficou marcado pelo regresso de Linda Martini e King Gizzard & The Lizard Wizard e pelas estreias em solo nacional de The Blaze e Marlon Williams.

Começou ontem a vigésima sexta edição do festival Paredes de Coura. O regresso de King Gizzard & The Lizard Wizard e a estreia The Blaze marcaram o primeiro dia de festival, que contou também com concertos de Linda Martini, Marlon Williams, Conan Osíris e Grandfather’s House.

paredes de coura

Hélio Carvalho

Os King Gizzard and the Lizard Wizard não são nenhuns desconhecidos do palco do Paredes de Coura. A banda australiana tocou pela primeira vez no festival em 2016. Dois anos depois, regressam a Coura com a mesma energia. Mal entram em palco, já o público se tinha levantado para aplaudir a banda, que retribuiu, imediatamente: “É bom estar de voltar. Este festival é do c******”.

Assim que os King Gizzard & The Lizard Wizard começaram a tocar, começaram logo os moshs. A relva sintética na frente do palco evitou que poeira se espalhasse (mas não por muito tempo). Nem isso foi capaz de conter a energia do concerto frenético dos australianos. A banda conhece bem Coura e Coura conhece bem a banda. Os King Gizzard & The Lizard Wizard sabem exatamente o que dar e como dar, e o público de Coura retribuiu.

Os primeiros acordes da “Sleep Drifter” dão o mote para a plateia levantar as mãos em peso e começar a marcar o tempo da canção com palmas. A banda vai tocando sem pausas, as músicas transitam umas nas outras. “Rattlesnake” apareceu pouco depois para grande alegria do público, que fez o maior mosh da noite em frente ao palco. “Crumbling Castle” e “Muddy Waters” mantiveram a cadência de mosh. No final, Stu Mackenzie, vocalista e guitarrista da banda, pediu para escurecer por completo o palco. Tocaram, sem interrupções, “Robot Stop”, “Gamma Knife” e “People Vultures”, do álbum de 2016, Nonagon Infinity.

Acabaram o concerto com Stu a agradecer o amor das pessoas de Coura. Na plateia, longos e fortes aplausos acariciavam a banda e pediam um encore que nunca chegou.

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Hélio Carvalho/ComUM

Quem chegou foram os The Blaze. O concerto do duo eletrónico francês começou de cortinas fechadas. Duas telas brancas escondiam a banda. Mas não durante muito tempo. Após a primeira música, as telas abrem-se para revelar Guillaume e Jonathan Alric, os dois primos que formam The Blaze.

Em cima de palco, o duo dançava e incentivava o público a libertar os corpos à dança. Podem não ter falado diretamente para o público, mas as ações, a forma como conduziam a plateia e como dançavam ao som das suas canções serviram para passar a mensagem de The Blaze. A presença em palco do duo, aliada a canções que convidam, atraíram as pessoas que se entregavam à dança dos The Blaze.

Mas não foi só de música que se fez o concerto do duo francês. As telas, que antes os escondiam, projetavam vídeos, que iam ilustrando canções como “She”, “Territory”, “Heaven” e “Virile”. No fim, as cortinas fecham-se. As telas e palco ficam negras e os créditos começam a rolar, com a música a ainda a tocar e as o público a agradecer com fortes aplausos.

Depois de The Blaze, quem ainda ficou pelo recinto migrou para o palco secundário, onde os After Hours lhes esperavam. Conan Osíris tocou para uma plateia que se estendia para lá do espaço do palco secundário. O artista lisboeta contagiou o público com a música pouco ortodoxa e a atitude irreverente, que o caracterizam. João Reis Moreira, dançarino de Conan, ia orientando a dança e puxava pelo público. No fim, Conan agradece ao público “Vocês foram do c******”. Termina o concerto com “Amália”, mas o público não deixou Conan ir-se embora. À terceira vez, o encore aconteceu e Conan Osirís regressou a palco para apresentar uma música nova e finalizar, de vez, o concerto.

Os Linda Martini regressaram, pela quarta vez, ao palco principal do festival Paredes de Coura. “É escusado dizer que estar aqui de novo é um prazer”, começa Hélio Morais. Desta vez atuaram um pouco mais tarde, já o sol se tinha posto. Na bateria, a banda deixou uma dedicatória ao guitarrista Phil Mendrix, que faleceu na passada segunda-feira, dia 13 de agosto.

A banda portuguesa passou um pouco por toda a sua discografia. Canções como “Mulher a dias”, “100 metros Sereia”, “Panteão”, “Boca de Sal” e “Amor Combate” incendiaram o público, que se apressava em moshs.

Antes do sol se pôr, Marlon Williams estreou-se em solo nacional. A música relaxada do músico neozelandês contagiou o público, que se ia mexendo, estando em pé em frente ao palco ou sentado na relva. O músico preparou ainda um momento dedicado a Portugal, onde cantou um pouco de fado, que provocou grandes aplausos e gritos.

Os bracarenses Grandfather’s House abriram o palco principal e o festival. O saxofonista João Cabrito acompanhou a banda em algumas canções. “Uma semana de amor, amizade e música não é sempre que acontece”, afirmou Rita.

O festival Paredes de Coura continua hoje com Jungle, Japanese Breakfast, Fleet Foxes, Surma, Shame e FUGLY.