Os …And You Will Know Us By The Trail Of Dead regressaram ao festival Paredes de Coura para um concerto muito energético na passada sexta-feira, no palco Vodafone FM. A banda conta com quase vinte e cinco anos de carreira e está agora a trabalhar no seu décimo álbum.

O ComUM conversou com a banda americana sobre a sua música e sobre o regresso a Paredes de Coura, sete anos depois de terem estado no festival

(Pode ler sobre a cobertura do ComUM ao Vodafone Paredes de Coura aqui)

trail of dead

Hélio Carvalho/ComUM

ComUM: Têm uma carreira longa, e tocaram em Paredes de Coura há sete anos. O que acham do festival?

Conrad: É bom, é fixe. É muito inclinado. E a água é muito fria.

ComUM: Mergulharam no rio?

Conrad: Oh sim. Mas só fomos até à cintura.

Autry Fulbright II: Gostamos do festival porque o cartaz é sempre muito fixe. Gosto das bandas que tocaram aqui e da criação do festival e deste ambiente em que é quase um acampamento de verão, tipo férias. É fixe.

 

ComUM: O que esperam do concerto de hoje?

Conrad: Nós não criamos espectativas.

Autry: Vamos tocar um concerto e de preferência as pessoas vão ver. Para nós, muito do que somos a tocar tem muito a ver com as energias recíprocas da audiência. Então, vamos alimentar o público e, de preferência, vamos ter um bom concerto. Se eles quiserem e pedirem um bom concerto, nós vamos dar um bom concerto. Damos um grande concerto, um concerto profundo.

ComUM: Sentem que a forma como as pessoas se relacionam com a música alterou-se desde que começaram a tocar junto até agora?

Conrad: Uma coisa que é muito estranha é que, de um ponto de vista técnico, as pessoas estão a ouvir mais música de m****, agora. Ouvem-na pelos fones dos computadores e uma coisa que eu não aguento é quando estão a mostrar-me uma canção e estão a tocá-la no seu iPhone. Eu não quero ouvir uma canção no telemóvel, não é para isso que passamos horas e meses no estúdio só para tu me dares esta versão merdosa do que foi gravado. Mas é uma coisa que nós, como audiófilos, temos de aceitar, porque os miúdos estão a ouvir desta forma e é assustador fazer-se um álbum para isso invês de para um bom sistema de áudio.

trail of dead

Hélio Carvalho/ComUM

Autry: O que de certa forma é bom, porque há o sentimento de gravar um documento ou algo que está lá e tanto faz se eles o querem ouvir num mp3 nos telemóveis ou num álbum com o melhor sistema para ouvir o álbum. Quando é ao vivo, estás a experienciar algo vivo e um documento daquele momento e tempo exato de nós a tocar. Então, a canção renasce e começa a viver e a respirar. Para o melhor ou para o pior.

 

ComUM: Sentem-se mais em casa em estúdio ou ao vivo?

Autry: São dois lados. São duas formas de arte diferentes.

Conrad: Mas estão num patamar de importância igual. São o oposto um do outro. Fazes uma tour, tocas num palco, fazes isso e depois vais para estúdio e concentras-te em fazer algo. Têm de ter o mesmo peso.

Autry: Como uma banda que toca ao vivo, para nós tem de haver um registo documentado daquilo que tentamos transmitir e gravar da melhor forma possível. Mas ao vivo, há mais espontaneidade. Um concerto é mais energético e eletrizante. Não vamos ouvir o que estamos a fazer em palco e pode acabar por não ser tão limpo ou com uma afinação tão perfeita como na versão de estúdio. Mas ao vivo é algo vivo, que é influenciado pelo público e pela nossa disposição no dia. Desde o momento em que acordamos até ao fim do concerto, tudo isso tem peso no concerto. Ou seja, são dois elementos diferentes, mas gostamos de ambos.

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Hélio Carvalho/ComUM

ComUM: Falando de álbuns, o vosso último álbum foi o nono da carreira e foi lançado em 2014. O décimo está a sair?

Conrad: Estamos a trabalhar nele.

Autry: Estamos quase no decimo mês que estamos a trabalhar no álbum.

ComUM: Quantos mais meses até ficar completo?

Conrad: Vamos continuar a trabalhar até estar feito.

 

ComUM: O que têm planeado para os próximos meses?

Conrad: Trabalhar no álbum. Este é o último concerto da nossa tour. Depois vamos voltar para estúdio para trabalhar no álbum

 

ComUM: Vocês estiveram cá há sete anos e estão cá hoje e olharam ali para o cartaz. Se ficassem cá o tempo todo do festival, que nomes mais gostavam de ver?

Autry: Da última vez que tocamos, tocamos com os Deerhunter, os Battles e os Kings of Convenience, que são bandas que gosto muito. Este ano, embora não tenhamos estado para o festival todo, nem vamos estar, gosto de Arcade Fire, Curtis Harding,

Conrad: Slowdive.

Autry: Slowdive e DIIV. Somos grandes fãs das Pussy Riot. A banda que tocou no palco secundário é boa.

ComUM: Imarhan?

Conrad: Sim, sim. Adoramos fazer parte deste festival.