Diz o provérbio que para a frente é que é caminho. Neste momento, o ComUM renova-se.
Todos temos um sonho. Alguns estão perto de o concretizar. Outros sentirão que esse sonho é longínquo ou impossível. Para outros ainda, é apenas uma loucura. Há quase um ano falei precisamente sobre uma loucura. Uma loucura comum a poucos. É uma loucura que já vivo, a velocidades e intensidades diferentes, desde há quatro anos.
Nesta hora de fazer uma “despedida anunciada”, é impossível não seguir os passos traçados por anteriores directores, com quem muito aprendi, e “puxar pela memória”. Essa memória lembra muitas noites passadas a trabalhar em reportagens e artigos mais complexos. Noites passadas na companhia de orçamentos, relatórios e planos estratégicos que agora se acumulam na secretária.
(Já agora, senhor reitor, não sei se ainda não reparou, mas falta-lhe publicar num local visível do site da UMinho o Plano de Atividades e Orçamento de 2018 e o seu Plano de Ação para o quadriénio 2017-2021. Publique os documentos quando eles são aprovados. Seja transparente, pelo bem da UMinho.)
As melhores histórias, no entanto, são as que envolvem pessoas. Muitas foram as conversas à procura de histórias. Muitos foram os talentos que encontrei por cá, com quem tive o prazer não só de trabalhar, mas de debater e trocar ideias sobre o jornalismo e a sociedade, fosse durante as frequentes conversas na internet, fosse nas longas horas em que aguardávamos que uma notícia chegasse, apenas com uma parede do CP2 a separar-nos do forno onde ela estava a ser cozinhada.
São estes talentos, com a sua dedicação e perseverança, com a sua paixão por um projecto que se torna deles, que nos permitem dizer mesmo que “o ComUM não confunde a sua natureza não profissional com falta de profissionalismo”. O orgulho e gratidão não podiam ser maiores.
Há quase um ano, descrevia a loucura que encontrei neste “espaço comum”. “Aquela loucura familiar de que o bom jornalismo é possível, de que as perguntas difíceis são para fazer, de que há pessoas que devemos incomodar pelo bem de todos. De que é possível mudar o mundo, devagar, devagarinho, e provavelmente sem vermos o resultado do nosso esforço”.
É nessa loucura e tradição que, a partir de hoje, o camarada Tiago Gonçalves assume o desafio de dirigir e gerir este jornal, esta “família”, com a ajuda do Rui Araújo como vice-director e de uma renovada equipa de editores prontos a trabalhar. A missão continua a mesma: formar mais gente nesta nossa loucura, desafiando-nos a uma constante superação de nós mesmos.
Diz o provérbio que para a frente é que é caminho. Neste momento, o ComUM renova-se. Uns saem porque o jornalismo profissional os espera; uns entram porque é lá que querem chegar; e outros ficam, continuando a sua viagem. Para quem sai, a loucura continua dentro de momentos.
Durante estes quatro anos – e neste último ano em especial – vivi um pouco esse sonho meu que é fazer jornalismo e ser jornalista. Por agora, o sonho fica em suspenso. Com a promessa de que um dia há-de ser retomado.