A Braga Barroca inseriu-se nas Jornadas Europeias do Património. A iniciativa procura sensibilizar os cidadãos para a valorização do Património.
Durante cinco dias, Braga regressou ao século XVIII. De quinta-feira a domingo, a Braga Barroca voltou a encher o centro bracarense de rufos e perucas. O evento procurou dar a conhecer aos bracarenses a história da cidade e contou com workshops, concertos, encenações e visitas guiadas.
A tarde de sábado acolheu o momento alto da Braga Barroca. A encenação da chegada do arcebispo D. José de Bragança à cidade de Braga juntou o público num Cortejo Histórico desde o Arco da Porta Nova até à Praça do Município.
O Cortejo incluiu figurantes vestidos a rigor, com perucas brancas, vestidos volumosos, rufos, fitas e bordados. Depois do arcebispo receber a chave da cidade e abençoar o povo bracarense, foi a vez dos nobres se apresentarem.
D. José de Bragança, o arcebispo do Barroco
A chegada de D. José de Bragança à cidade de Braga ocorreu a 23 de julho de 1741. O arcebispo é uma figura incontornável do movimento barroco na cidade minhota, tendo dado início ao trabalho do arquiteto bracarense André Soares.
Após ser nomeado arcebispo, D. José de Bragança, irmão do rei D. João V, chegou a Braga vindo do centro da Europa. Um pouco por todo o continente, o estilo barroco florescia e o arcebispo quis impô-lo na cidade. Para tal, encomendou a André Soares um edifício para ser o novo Paço Episcopal. O arquiteto projetou, entre 1744 e 1751, a obra voltada para a Praça do Município. Atualmente, o edifício, situado atrás da reitoria da Universidade do Minho, alberga a Biblioteca Pública de Braga. O palácio foi o ponto de partida para a revolução Barroca e, mais tarde, Rococó, que se verificou nos anos seguintes em Braga.
O estilo barroco, marcado pela arquitetura onde predominam os arcos e as abóbadas, a extravagância e o detalhe, manifestou-se particularmente em Braga entre o século XVII e XVIII. Locais como a escadaria do Bom Jesus do Monte, a Igreja dos Congregados, o Palácio dos Biscainhos, a Sé de Braga, o Mosteiro de Tibães, bem como as obras de André Soares, a Igreja de Santa Maria Madalena, o Palácio do Raio, a Casa Rolão e o Arco da Porta Nova, são alguns dos exemplos mais fortes do movimento barroco e rococó na cidade minhota.
O programa de sábado da Braga Barroca contou, também, com um Concerto Real dedicado a D. José de Bragança, na Praça do Município. O Arcada Ensemble do Conservatório Bonfim, juntamente com a soprano Ana Paula Matos, encheram a festa com melodias de Bach e Pergolesi, ambos compositores barrocos.
De noite, a Sé de Braga recebeu o concerto “Bizarrias e Fantasias” da Orquestra Barroca da Casa da Música, sob direção de Laurence Cumming.
Durante a tarde de sábado, quem passou pela Praça do Município teve, ainda, a oportunidade de experimentar jogos tradicionais, de ver artesãos a esculpir madeira e de tomar chá com a Senhora dos Biscainhos.
O evento da Braga Barroca está inserido nas Jornadas Europeias do Património. A iniciativa anual tem como objetivo sensibilizar os cidadãos europeus para a valorização do Património Cultural.