O Theatro Circo acolheu rock experimental e progressivo made in Portugal, em noite amena de outono.
Gonçalo e Equations abriram a primeira noite da Braga Music Week, que teve lugar no subsolo do Theatro Circo, mais precisamente no pequeno auditório do espaço bracarense, na noite desta sexta-feira. Trata-se do início de uma semana repleta de concertos um pouco por toda a cidade.
Eram 23:59 quando Gonçalo Alvarez entrou no palco. A atmosfera enevoada que recebeu os espetadores já prenunciava os momentos místicos que se seguiriam. Foi para apresentar “Boavista”, o seu primeiro álbum, que o multi-instrumentista dominou o teclado ao longo de toda a atuação. Sem recorrer à voz, apresentou-se a sós numa primeira fase mais melancólica ao som de “Tempestade”.
De forma sublime e sem interrupções, o estilo pós rock invadiu o pequeno auditório com a entrada dos “Gonçalos” Nuno Sarafa, na bateria, e Gil Amado, na guitarra e sintetizador. Assim se referiu Gonçalo aos seus colegas. A tríade conquistou acordes intensos e experimentais, ao mesclar à melodia eletrónica a efusividade da percussão. “Bonanza” e “Champagna” materializam essa mesma sensação. Satisfeito, o público que quase encheu a sala, não se conteve em reações, aplaudindo e assobiando.
“Tuga”, do EP “Quim”, rematou o concerto com um som mais sereno, remetendo à mesma tranquilidade de “Tempestade”, a faixa que abriu o espetáculo. Como não podia deixar de ser, e porque tocava em casa, o artista bracarense recebeu apoio dos amigos e de alguns colegas do projeto Long Way To Alasca que o presentearam com um cravo amarelo.
Mas a noite não ficou por aqui. Seguiram-se os Equations, banda de origem portuense. Logo no início do concerto, o público ouviu duas faixas de rock progressivo em português que trouxeram para estrear no Theatro Circo. A voz era de Bruno Martins. Não obstante, “Hightower” foi o álbum que marcou o concerto imprimindo-lhe uma atmosfera progressiva, sempre marcada pelo passado mais punk da banda.
À medida que o concerto foi decorrendo, o público que se ausentou no intervalo foi retornando ao pequeno auditório. Talvez por isso, a timidez que caraterizou a primeira parte do concerto foi cedendo o seu lugar a um registo mais pesado. Ainda se viram algumas cabeças da plateia a abanar, principalmente aos acordes de “SSSUUUNNN”.
O universo musical desta banda transpira também pela forma como se apresentaram em palco, com calças justas pelo tornozelo, cabelos longos e até o bigode espesso de Bruno Martins.
O Braga Music Week leva a música a vários palcos espalhados pela cidade e continua até dia 6 de outubro.