Depois do sucesso do álbum Odisea, o cantor e compositor porto-riquenho Ozuna lança o seu segundo disco. Com um registo bastante similar com o que o antecedeu, o projeto intitulado Aura tem todos os ingredientes necessários para atingir sucesso a nível mundial.

Ozuna é, para muitos, o artista do momento no mundo da música latina, devido à sua ascensão súbita por todo o mundo. O sucesso do cantor até lhe garantiu o prémio de Artista do Ano em 2018, nos Billboard Latin Music Awards.

billboard.com/

Apenas um ano após o lançamento do seu primeiro trabalho, é compreensível o facto de existirem bastantes semelhanças entre os dois álbuns do cantor. Um espaço de tempo tão escasso entre projetos não permite mudanças muito profundas nas formas de criação musical. Por outro lado, os números conseguidos por Odisea são extremamente positivos, daí a tendência para não fugir demasiado ao estilo que foi a chave do sucesso de Ozuna.

Embora o estilo do artista seja já bastante conhecido, não deixa de ser uma experiência agradável. A voz inconfundível do cantor faz os ouvintes ficarem presos a cada faixa do álbum, o que explica os números já conseguidos por este projeto: Aura é agora o álbum latino com a melhor semana de estreia em toda a história no top 200 da Billboard.

Com um conjunto de 20 faixas, este álbum traz vários estilos e sabores diferentes dentro da música latina, o que torna o projeto sólido e bastante completo. Desde o Reggaeton mais puro até à sonoridade urbana, com uma espécie de Trap mais exótico. Para além disso, este projeto conta com a participação de várias figuras importantes na música latina, como Manuel Turizo, Wisin, Yandel, Romeo Santos, Akon, J. Balvin, Nicky Jam, e Cardi B.

Aura é o nome da primeira faixa deste projeto, e é a mais diferente e intrigante de todas. No fundo, é uma reflexão pessoal, acompanhada de um instrumental lento e suave. Ozuna faz uma espécie de desabafo para o espelho, contando tudo aquilo que, de certa forma, o preocupa.

Porém, não é a primeira vez que o cantor faz isto. No seu primeiro projeto, também existe uma canção em que o artista reflete, proporcionando momentos de serenidade e de pensamentos. Curiosamente, também é a primeira faixa e o nome desse álbum, Odisea.

O amor é maioritariamente o tema de destaque dentro dos géneros musicais latinos e este álbum não é exceção nesse aspeto. Ozuna fala sobre esse sentimento de várias formas diferentes, enquanto cria histórias com as quais o público se identifica, o que também é um dos segredos do sucesso do cantor e dos restantes artistas do mesmo género.

É evidente que se torna muito mais fácil gostar de uma música quando nos identificamos com o tema abordado e quando a história é semelhante a uma situação pela qual estamos a passar. Exemplo disso é a canção “Escape”, onde Ozuna fala, com pouca censura, de todos os desejos que podem passar pela mente de um homem quando se sentem atraídos por alguém.

Por sua vez, os ritmos e sonoridades são outro aspeto favorável ao sucesso deste álbum. As batidas trazem consigo uma energia contagiante que nos leva involuntariamente a bater o pé. Daí o crescimento que se tem vindo a registar do Reggaeton, com o aparecimento de novos artistas no género, como é o caso de Ozuna. Em breve, várias músicas deste álbum estarão presentes em festas por todo o mundo, nomeadamente a faixa “Me Dijeron”, que contém a energia mais pura do Reggaeton e uma melodia que fica no ouvido. É o tipo de música que toda a gente canta, quando enquadrada num ambiente festivo.

Entre as canções a destacar está “Vaina Loca”, com Manuel Turizo.  Foi um dos temas que saiu antes do projeto final e tem sido um sucesso, pelo facto da melodia ficar facilmente no ouvido e de nos fazer cantarolar por todo o lado. Esta faixa utiliza uma batida clássica de Reggaeton, com um ritmo contagiante, e uma letra que retrata uma história que cativa, com a temática do amor sempre associada. Também, a curiosidade provocada pelo nome de Manuel Turizo, de apenas 18 anos, ajudou ao sucesso. O cantor colombiano faz parte da nova escola da música latina e o êxito desta faixa é uma prova do seu crescimento como artista.

Ibiza” merece também um destaque, por ser doce e contagiante. É uma canção com uma história romântica e uma melodia suave, da qual é muito fácil se gostar.  A parceria com Romeo Santos não aconteceu pela primeira vez neste disco, já que Romeo participou no remix de um dos maiores sucessos de Ozuna: “El Farsante”.

Embora Aura seja um álbum consistente, contém algumas faixas que deixam algo a desejar. Nomeadamente a canção “Sígueme los Pasos”, que conta com a presença de J. Balvin e de Natti Natasha, que trouxeram enormes expectativas que não foram satisfeitas completamente. J. Balvin é um artista reconhecido por todo o mundo, um dos mais consagrados na música latina, e Natti Natasha é uma jovem emergente que, juntamente com Ozuna, é detentora do enorme sucesso “Criminal”. Por isso, é estranho que “Sígueme los Pasos”, com três artistas tão fortes, resulte numa canção que peca pela falta de imaginação e criatividade.

No fundo, todo este álbum é inovação na continuidade, é repetir de forma diferente. Pode chegar a ser muita coisa, mas a única certeza é mesmo a continuação do sucesso de Ozuna no mundo da música latina, com o lançamento de Aura.