A Secretária de Estado dos Negócios Estrangeiros visitou a Universidade do Minho para uma sessão de perguntas e respostas, organizada pelos Departamentos de Ciências da Comunicação, Ciência Política e Relações Internacionais
Teresa Ribeiro, secretária de Estado dos Negócios Estrangeiros e da Cooperação, esteve na Universidade do Minho na passada quinta-feira, no contexto da iniciativa “Encontros com os Cidadãos”. O evento teve como tema a importância das relações entre Europa e África na estratégia global da União Europeia (UE).
Os “Encontros com os Cidadãos” resultam de um repto lançado pelo presidente francês Emmanuel Macron em 2017, que convidou a uma conversa entre os cidadãos europeus sobre o futuro continente. Estes encontros têm decorrido em diversas partes do país ao longo do ano, com foco em variados temas relacionados com a UE.
O assunto trazido a debate à Universidade do Minho foi a relação da UE com os países africanos, bem como esta se insere na sua estratégia global. No seu discurso anual de Estado da União, a 12 de setembro, o Presidente da Comissão Europeia Jean-Claude Juncker definiu como objetivo o estabelecimento de uma relação de igual para igual entre Europa e África, em vez de uma relação de ajuda unilateral pelos europeus.
Teresa Ribeiro reforçou que o elemento chave para obter esta paridade passa pelo desenvolvimento sustentável dos países africanos, balançado entre a construção de infraestruturas e a melhoria da qualidade de vida dos cidadãos. “É preciso criar condições para as pessoas viverem as suas vidas em todas as suas valências”, afirmou a secretária de Estado, indicando que o esforço da UE na ajuda pública ao desenvolvimento tem sido insuficiente.
Os africanos constituem de momento cerca de 16% da população mundial mas, de acordo com uma projeção da ONU, África vai albergar 25% em 2050. De acordo com Teresa Ribeiro, estes factos assustam quem se preocupa com africanos que migram rumo à Europa em busca de melhores condições. Assim, é do interesse europeu que estes sintam que podem fazer a sua vida sem sair do país.
Teresa Ribeiro sublinhou que o progresso dos países africanos é importante para aliciarem empresas europeias. “Não é possível mobilizar investimento em África por imperativo moral”, constatou a secretária de Estado, pois “há um risco grande nos negócios em África: instabilidade política, instabilidade das decisões e falta de capacidade dos meios jurídicos”. Seja qual for a escala do investimento, este deve “apostar nas áreas certas”, sob risco de ser desperdiçado.
Durante a sessão, vários elementos da audiência inquiriram a secretária de Estado sobre o timing do interesse europeu em África coincidir com as intervenções da China no território africano, cujo presidente Xi Jinping prometeu milhares de milhões de dólares de investimento em ajuda pública ao desenvolvimento. Teresa Ribeiro desvalorizou o papel da China, pois apesar do seu contributo forte, existem diversos outros estados a investir no continente.
Num inquérito realizado entre os elementos do público, 72% concorda que a ajuda pública ao desenvolvimento deve ser o instrumento privilegiado na relação da Europa com África, enquanto que 36% acredita que esta relação beneficia os europeus. Por outro lado, 14% não pensa que uma relação com África seja relevante para a Europa.