A necessidade de uma componente mais prática na licenciatura aflige os estudantes de Economia. Com um mercado de trabalho cada vez mais competitivo e com a sucessiva abertura de portas para o mundo empresarial, sair de uma licenciatura sem uma visão clara, ou pelo menos ao de leve, daquilo que se exige de um futuro economista num meio competitivo é uma falha preocupante e que preocupa e deve preocupar todos os estudantes nessa situação.
Saímos de uma licenciatura sem qualquer tipo de perspectiva daquilo que nos vai ser exigido no futuro. É muito bonito dissecar a teoria e todas as assunções e factos consumados que a teoria económica envolve, mas sem uma perspectiva mais prática, que devia ser cultivada ao longo de toda a licenciatura, saímos daqui um pouco perdidos na verdade.
Ao chegar ao terceiro ano sentimos que estamos a traçar o nosso próprio caminho finalmente, através da possibilidade mais arbitrária de compor o nosso plano curricular com aquilo que nos preenche mais; aí começamos a sentir, ainda que tardiamente, que nos vai sendo dada, finalmente, uma escolha.
Todos nós, durante a nossa vida, para atingirmos aquilo que realmente ambicionamos, precisamos com urgência de sentir o direito de poder escolher aquilo que vai de encontro aos nossos princípios e ambições. Não queremos sair formatados como tantos outros; queremos sair daqui com um pensamento crítico que nos leve ao sucesso – porque o mundo não nos vai dar tudo de bandeja. Vamos ter de ser nós a lutar e a cultivar incessantemente uma atitude de perseverança, para deste modo podermos chegar lá.
É claro que quem sente falta acabará por procurar, e tem obviamente que partir do aluno essa autonomia de ir em busca das suas necessidades… mas, indiscutivelmente, todos nós ganharíamos mais (universidade, alunos, professores) se o espírito académico fosse direccionado para o saber fazer.
Se fosse possível, e é, conseguir dar-nos um complemento e uma dualidade perfeita entre a teoria e a prática, certamente sairíamos da universidade com a confiança, com o preenchimento suficiente para chegarmos a uma empresa com todas as ferramentas necessárias para ingressar num percurso que tem, ou devia, ser o nosso por direito.
Assim, o que há a reter é: estamos aqui para trabalhar e para mostrar ao mundo todo o nosso talento; mas se a universidade nos conseguisse orientar, desde cedo, para aquilo que não se pode ensinar, mas que se pode certamente aprender, que são as chamadas soft skills, que uma licenciatura actual por si só não nos consegue dar na medida necessária, tudo poderia ser bem diferente, e certamente muito mais bonito e empolgante.
“A nossa vida é toda ela feita de acasos. Mas é o que em nós há de necessário que lhes há-de dar um sentido” (Vergílio Ferreira).