O Monte dos Vendavais, o romance clássico da brilhante Emily Brontë, conta a história de um amor intenso como uma tempestade que nos agarra e desassossega desde o início até ao fim.

Sendo a primeira edição publicada durante o século XIX, a obra retrata de forma fenomenal os ideais e mentalidades das personagens da época. São claramente visíveis valores como a religião e o temor ao juízo final, o poder do homem sobre a mulher, e as obrigações e direitos das diferentes classes sociais, presenciando-se com estes últimos a vingança, avareza, hipocrisia e ódio.

No entanto, apesar destes terríveis defeitos da sociedade, desperta-se uma luz que nos envolve na obra e que nos faz questionar como é que a autora, que viveu apenas até aos 30 anos e que não se casou, consegue descrever de forma espetacular uma paixão tão intensa e os tormentos de um amor incondicional.

o monte dos vendavais

Emily Brontë

Os protagonistas são Heathcliff, um jovem cigano adotado por um próspero patriarca, o Sr. Earnshaw, e a sua filha Catherine. A jovem, por sua vez, encontrará tragédia nas difíceis escolhas que terá de fazer entre o amor incondicional por Heathcliff e as obrigações sociais que lhe são impelidas por condição e nascimento. Trata-se de um amor tão intenso e trágico como um vendaval.

Encontramos no papel de narradora, durante a maior parte da obra, a personagem Nelly Dean, a aia confidente e testemunha presente em todos os momentos, gravando na memória todos os tumultos, amor e ódio das personagens. É ela que nos conta a história dos protagonistas, da forma mais fiel possível para uma criada do século XIX, que naturalmente não exclui comentários e interpretações. Porém, é a personagem mais justa e sensata no meio de toda a trama, chegando ela própria, durante a narração e depois de viver episódios surreais, a dizer: “Na Granja há uma única alma sensata e essa está alojada no meu corpo.

A obra inicia-se então com a chegada de um hóspede à Granja de Thrushcross, o Sr. Lockwood, e a sua visita ao senhorio, o Sr. Heathcliff, um homem frio, arrogante e muito reservado. Foi exatamente este comportamento por parte do senhorio que fez o Sr. Lockwood repetir a visita no dia seguinte, sendo, no entanto, apanhado de surpresa por uma forte tempestade que o obrigou a passar a noite na mansão do Monte dos Vendavais. Durante essa noite, o inquilino viveu momentos surreais, onde descobriu e viveu momentos terríveis que se haveriam passado na mansão há vários anos e que lá perduram como que se tratasse de uma avassaladora maldição.

É no dia seguinte que o Sr. Lockwood abandona o Monte dos Vendavais, horrorizado, e retorna à Granja de Thrushcross, onde a sua criada, a Sr.ª Dean, lhe conta a história dos dois protagonistas, duas crianças separáveis. Porém, tudo mudou quando Catherine se deparou com as suas obrigações de nascença e dois pretendentes: o seu grande amigo Heathcliff, indiferente a qualquer sentimento, e o belo e educado Edgar Linton.

Todas as decisões e conflitos chegam mesmo a deixar a jovem gravemente doente, no limiar da loucura, tornando-se impossível contrariá-la ou irritá-la demasiado, sob o perigo de ela poder não aguentar a doença por muito mais tempo. O reencontro com o amigo de infância, Heathcliff, irá ditar o desfecho da doença, entre a vida e a morte, e deixar a vivência do seu amor eterno ao encargo dos seus sucessores, especialmente a querida e angelical Cathy Linton.

Concluindo, O Monte dos Vendavais é o único romance da jovem Emily Brontë, uma autora brilhante. É uma obra tão esplêndida como avassaladora, que promete tirar-nos o fôlego e levar-nos numa viagem intensa, tal como uma verdadeira tempestade.