Pela primeira vez na carreira, Carrie Underwood participou ativamente na produção do seu álbum, Cry Pretty, co-escrevendo nove das 13 canções. Ao longo do projeto, podemos ver que a artista, apesar de manter um background Country, tenta explorar novos mundos, nomeadamente Pop e R&B, contudo algumas das tentativas são mais felizes do que outras.
Apesar de, na música que dá nome a este disco, a artista afirmar não ser o tipo de pessoa de mostrar o coração ao mundo, a mesma refere-se ao projeto como o seu trabalho mais pessoal de sempre. Por isso, será que o facto de Carrie Underwood participar na produção do álbum contribui para algo mais intimista?
Na faixa “Backsliding”, a artista conquista os apreciadores de música Pop, tocando nas temáticas mais frequentes do seu catálogo, o retorno aos maus hábitos, neste caso, para o gostar de alguém que nem quer saber. A artista vai mantendo um ritmo típico, ganhando singularidade, apenas pela força que a cantora deixa transmitir na sua voz.
Em “End Up With You”, a artista peca ao perder essa força e ao aproximar-se demasiado de outras músicas. “That Song That We Used to Make Love To”, volta a ganhar força, neste caso, pela diferença rítmica utilizada, um pouco que estranha aos nossos ouvidos. Essa força deve-se à utilização de um som de água a cair, aos contínuos jogos de harmonias e quase que uma descoordenação coordenada entre a sua voz e a base escolhida.
A artista volta a arriscar, tocando em assuntos políticos polémicos como, por exemplo, o racismo, a comunidade LGBTQ+ e a violência provocada pela permissão de posse de armas. Em “Bullet”, conta a história de uma mãe que enterra o próprio filho, cuja vida foi roubada por uma bala que destrói continuamente os corações daqueles que o amam. Não podendo ser considerada uma música ativista, podemos observar a opinião concreta da artista sobre a temática. “Till every heart that’s left to break is broken, the bullet keeps on goin‘”.
Apesar do título “Love Wins” quase falar por si só, perde-se um pouco do foco ao longo da música. Existe um questionamento sobre como chegamos ao estado atual sendo que juntos somos mais fortes, fazendo referência indireta a muitos dos direitos proclamados pelos movimentos LGBTQ+ e Black Lives Matter. Underwood demonstra a sua opinião sem querer escolher, de facto, um lado, talvez por receio da reação do público.
Por outro lado, a cantora não abandona as suas origens, mantendo no álbum um conjunto de músicas country como, “Spinning Bottles” e “Kingdom”, que não abandonam as temáticas características do género. “Spinning Bottles” retrata um coração partido que encontra refúgio no consumo de álcool, enquanto “Kingdom” espelha a construção de um lar ideal, muito possivelmente referindo-se aquilo que a artista conseguiu construir ao lado do seu marido, Mike Fisher.
Ainda que Carrie Underwood seja maioritariamente reconhecida pela sua vertente Country, uma pessoa que realmente aprecie música poderá encontrar neste álbum algo com que se identifique, mesmo que o nível de intimidade criado pela artista não seja máximo, devido à limitação de informação pessoal que nos fornece.
Exploração de novos mundos
7/10
Álbum: Cry Pretty
Artista: Carrie Underwood
Data de Lançamento: 14 de setembro de 2018
Editora: UMG Recordings