O “Estudo Nacional da Violência no Namoro da UMAR de 2018” verifica que existiu um aumento de ocorrências de violência entre namorados. O número de comportamentos violentos que foram reconhecidos como justificados também subiu.

Segundo a UMAR (União de Mulheres Alternativa e Resposta) o número de casos de violência no namoro tem vindo a aumentar. Os resultados do “Estudo Nacional da Violência no Namoro da UMAR de 2018”  e de outros projetos  foram apresentados durante o seminário “Educação para a cidadania: A igualdade de género e a prevenção da violência de género”, que decorreu esta sexta-feira na Biblioteca Lúcio Craveiro da Silva. O evento foi organizado pela CapacitArte.

Ana Margarida Pacheco apresentou o “Estudo Nacional da Violência no Namoro da UMAR de 2018”, com publicação agendada para fevereiro do próximo ano. Foram comparados os resultados de inquéritos com os do estudo para 2017, revelando que houve um ligeiro aumento das ocorrências de violência de género, bem como que estes comportamentos foram reconhecidos como justificados por uma maior percentagem de inquiridos. Os dados recolhidos para o estudo “Violências de género” revelam que esta “ocorre sobretudo contra as mulheres”, segundo Ana Beires, constatando que os direitos conquistados em democracia para as mulheres podem ainda ser perdidos.

O seminário começou com a apresentação do projeto de intervenção da CapacitArte/UMAR em várias escolas, com um foco na sensibilização e prevenção da violência no namoro. A iniciativa consiste em várias sessões realizadas com turmas em escolas públicas por todo o país, em que se promovem discussões acerca do que podem ser considerados atos violentos.

“A proposta educativa assenta no diálogo com a turma, que promove uma reflexão sobre as realidades que nos rodeiam”, explicou Alexandra Rodrigues, da CapacitArte/UMAR. Nas discussões é promovida “a participação de todos”, com o propósito de ajudar ao desenvolvimento de um “comportamento crítico e emancipatório”.

No decorrer do projeto, a associação compreendeu que para grande parte dos alunos a desigualdade de género já não existe, motivo pelo qual consideram importante promover nestes “a capacidade de analisar e de refletir” acerca do que é certo ou errado. Para além da violência no namoro, as discussões debruçam-se sobre outros contextos de violência, bem como acerca de assuntos como a orientação sexual ou os direitos humanos.

A CapacitArte/UMAR não foi capaz de corresponder aos pedidos de todas as escolas interessadas, com o projeto de 2018 a acabar no fim deste mês. Contudo, a iniciativa já decorreu em anos anteriores, com um acompanhamento constante de várias turmas aliado a um alargamento da intervenção a novas turmas e escolas.

Cátia Pontedeira apresentou resultados preliminares do “Representações Juvenis sobre o Assédio Sexual – Projeto Bystanders”, demonstrando que o assédio é sobretudo reconhecido quando exercido de rapazes para raparigas, particularmente quando o assediante é mais velho. Alertou também que existe uma culpabilização da vítima, com pontos de vista como “miúdas decentes não usam saias”.

A sessão foi concluída com uma intervenção acerca da “Educação para a cidadania unissexo” por Isabel Viana, do Instituto de Educação da Universidade do Minho. Durante o evento foi também apresentada a 2º série do projeto artístico “#acartaquenosfaltanobaralho”, por Marta Calejo.