A descoberta pode vir a ajudar na monitorização da doença.

O trabalho desenvolvido por uma equipa da Universidade do Minho mostra que o movimento dos olhos pode revelar alterações cognitivas em pessoas com esclerose múltipla. A investigação, publicada na revista científica norte-americana PeerJ, pode vir a afetar a escolha dos tratamentos e técnicas para o acompanhamento da progressão da doença.

O estudo conclui que os portadores de esclerose múltipla têm dificuldades em realizar movimentos comuns do olho, como mudar rapidamente o olhar para algo específico. As pessoas diagnosticadas com esclerose múltipla sofreram de um atraso ao iniciar o movimento ocular e, por conseguinte, a olhar com precisão para um determinado alvo.

A investigação expôs, assim, a importância dos movimentos oculares quando comprometem a capacidade de inibir ou controlar respostas, quer sejam impulsivas ou automáticas, de pessoas com esclerose múltipla. A pesquisa contou com uma equipa multidisciplinar da UMinho que englobou o Centro de Física, o Centro de Matemática, o Centro de Biologia Molecular e Ambiental e o Instituto de Investigação em Ciências da Vida e Saúde.

Em Portugal, a esclerose múltipla atinge cinco a seis mil pessoas (oito casos em cada dez mil). A doença aparece quando a cobertura das células nervosas do cérebro e da espinal medula são danificadas, podendo levar à visão dupla e cegueira num olho. Um dos primeiros indicadores para o avanço da doença é o défice cognitivo, ao envolver funções como a memória de longo prazo, atenção e controlo comportamental.