Jason Mraz volta de uma ausência de quatro anos com Know., que cultiva a mesma energia de trabalhos anteriores, tornando-se pouco, ou até nada, surpreendente. Como de costume, o artista pinta o amor de uma forma bastante colorida, o que se torna cansativo para quem não vê a vida com tantas cores.

O cantor e compositor norte-americano Jason Mraz apresenta-nos o álbum Know., lançado a 10 de agosto. Funciona como uma afirmação de positividade que surge após o último projeto Yes!, tendo sido inspirado em pequena notas amorosas que Mraz escreveu para a sua esposa, Christina Carano. As dez faixas que o albúm contém provocam um sentimento de falta de novidade, para quem já o esperava há quatro anos, pois torna-se cansativo ouvir a mesma coisa, cantada com melodias pouco distintas.

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Já era de esperar que Mraz continuasse fiel a si mesmo e não saísse da sua zona de conforto, pois todos os seus trabalhos, começando por We Sing, We Dance, We Steal Things, de 2008, consistem numa coletânea de faixas que, de certa forma, parece que correm sempre dentro do mesmo labirinto, sem nunca encontrar uma saída. Assim, é notável uma desilusão por parte dos ouvintes que, após quatro anos, ansiavam por algum tipo de inovação.

Para nos mostrar a sua sabedoria no campo amoroso, Know. é iniciado com “Let’s See What The Night Can Do”, que apela à criação de uma profunda conexão entre duas pessoas. A melodia da canção tem um tom familiar, o que nos remete para sons de trabalhos anteriores. Por sua vez, a letra, apesar de encaixar bem nesta batida, no final torna-se bastante maçante, devido à constante repetição do refrão, que sugere falta de inspiração.

A faixa seguinte “Have It All”, definitivamente a mais apelativa e com mais sucesso de todo o álbum, é tida como sendo uma versão mais recente de “I’m Yours”, do projeto We Sing, We Dance, We Steal Things, que continua a ser a canção mais ouvida de Mraz. No entanto, é principalmente com esta música que o artista se mantém fiel a si mesmo, transmitindo a positividade do costume, através da harmonia existente entre a letra e a melodia.

Em terceiro lugar, “More Than Friends”, um dueto com Meghan Trainor, também pode ser comparada a um trabalho anterior, “Lucky”, do mesmo álbum de “I’m Yours”, mas desta vez a comparação é feita de uma forma mais negativa, devido ao facto de esta canção não ter causado tanto impacto como o famoso dueto com Colbie Caillat. A batida deste tema não encaixa bem com a mensagem pretendida, pois é um pouco rápida demais para ser um típico dueto romântico, mas, ao mesmo tempo, lenta demais para se encaixar numa daquelas colaborações que nos fazem querer saltar do sofá e dançar.

A canção que se segue, “Unlonely”,  começa com uma batida bastante chamativa, mas a atenção de quem está a ouvir é desviada por uma tentativa falhada de rap por parte de Mraz, pois faz com que deixe de haver perceção sobre a intenção da própria música e destoa um pouco do tipo de melodia e harmonia que o refrão exige.

Better With You”, a quinta faixa, tem, também, uma melodia apelativa, mas muito familiar, pois soa bastante como um típico clássico do artista Michael Bublé. As restantes canções “No Plans”, “Sleeping To Dream”, “Making It Up”, “Might As Well Dance” e “Love Is Still The Answer” tornam-se entediantes para o ouvido, por serem apenas versões diferentes de dizer o mesmo que foi dito nas primeiras cinco canções do projeto.

Em suma, Jason Mraz tenta, através destas dez canções, contar a mesma história de sempre, mudando apenas as suas palavras e um pouco as melodias. No entanto, o facto de essa história já estar a ser contada desde há dez anos, quem ouve o artista sente uma necessidade de mudança, não só a nível temático, mas também melódico. Assim, pode dizer-se que Jason Mraz passou de Yes! para no.