Killimanjaro e Stone Dead aliaram-se em honra ao 41º aniversário do punk. Com um alinhamento singular, foram muitos os temas marcantes do género histórico que se fizeram ouvir no Theatro Circo.

Inseridos no alinhamento de mais uma edição do Braga Music Week, os Killimanjaro e os Stone Dead juntaram-se numa homenagem aos 41 anos do Punk. Ramones, The Clash, Motörhead e Renegados de Boliqueime foram algumas das bandas revisitadas na passada noite de segunda-feira.

Depois do sucesso das celebrações do 40º aniversário, com a apresentação de “As Canções do Punk” pelo mesmo conjunto, a dose mereceu repetição. Desta vez, o palco escolhido foi o do Pequeno Auditório do Theatro Circo, em Braga.

Pontuais, a dupla de bandas entrou no auditório escurecido pelo fumo circundante com a energia certa. “É uma pena terem de estar sentados. Não sei porque é que vos obrigaram a isso”, declarou José Gomes, vocalista dos Killimanjaro, antes de tocar os primeiros acordes do hit intemporal dos Sham 69. “If the kids are united, they will never be divided!”, um dos muitos refrões repetidos pela sala e que marcou o início de uma noite intensa.

Leonardo Batista, baixista dos Stone Dead, assumiu a liderança vocal e entoou o clássico “White Riot” dos The Clash. Seguiu-se “Blitzkrieg Bop”, dos Ramones, provocando uma onda de headbangers geral pelo auditório. “Venham tocar connosco, temos imensos instrumentos, não fiquem sentados”, pediu José, fiel ao movimento disruptivo do punk. Mas o público manteve-se no sítio, continuando a abanar as fileiras de cadeiras ao ritmo da música.

Ouviu-se The Adicts e mais dois temas dos Ramones. “A próxima é dos Undertones. É tipo os Vai-te Foder, mas não são de Braga”, brincou José ao introduzir a “Teenage Kicks” da banda norte-irlandesa. Os elementos das duas bandas iam entrando e saindo do palco consoante o alinhamento escolhido. Seguiu-se a “Gut Feeling” dos DEVO, “Orgasm Addict” dos Buzzcocks e a já conhecida e interpretada pelo conjunto, no ano passado, “Born to Lose” do Johnny Thunders.

Mais uma vez, os elementos reuniram-se todos em palco e o público foi-se aproximando do mesmo, acompanhando a crescente intensidade que ali se fez sentir. A vibe anarquista e libertária dos músicos foi contagiante, não deixando ninguém indiferente. Altura perfeita para se dançar a “Search and Destroy” dos The Stooges, encadeada por “I Fought the Law” dos The Clash. O punk também é nacional e José aproveitou para incluir os Renegados de Boliqueime com “Troco Deus por uma Cerveja”, que diz ser o seu tema favorito.

Com o espetáculo sensivelmente a meio, o grupo apresentou o novo membro que se juntara em palco. “Se estiverem à procura de uma definição de punk, é ele”, referindo-se a Peter, baterista da banda portuguesa Solar Corona. Chegou, assim, um dos momentos mais aguardados pelos fãs do punk com interpretações de “(We Are) The Road Crew” e “Ace of Spades” dos Motörhead.

“Provavelmente a melhor banda de rock and roll em Portugal, neste momento. Esta é a So Lonely”. Foi assim que José descreveu The Parkinsons, banda que atuou no passado sábado, também no decorrer do Braga Music Week. Nunca deixando a vivacidade demonstrada esmorecer, entoou-se Sex Pistols, The Stooges, DEAD BOYS e a frenética “Kick out the Jams” dos MC5.

Como não podia deixar de ser, o público quis mais e os músicos cederam com um encore fenomenal, marcado por solos curtos e energéticos, típicos do género. Foi com “No Fun” dos The Stooges, popularizada pelos Sex Pistols, que Killimanjaro e Stone Dead encerraram mais uma celebração do movimento punk na sua íntegra. Não só pela música, mas pela atitude, como legítimos rebeldes com causa que demonstraram saber ser.

O Braga Music Week continua até dia 6 de outubro com atuações de Captain Boy, Acid Mothers Temples, Inner e muito mais.