Escola de Ciências da Universidade do Minho convida investigadores de elevado mérito científico. O primeiro convidado foi o historiador Henrique Leitão, que recebeu o Prémio Pessoa em 2014.
Decorreu, na passada quinta-feira, a primeira de seis sessões do ciclo de conferências “História e Filosofia de Ciências”. A importância da transversalidade do conhecimento e do papel das disciplinas na educação científica foram discutidas na palestra que teve como tema “A construção de uma imagem global da Terra no século XVI”.
O anfiteatro da Escola de Ciências da Universidade do Minho (ECUM) contou com a presença de Henrique Leitão, historiador de Ciência e a quem foi atribuído o Prémio Pessoa em 2014. O convidado falou sobre o processo histórico que levou das experiências circunscritas de pessoas isoladas à noção de uma Terra global: “os conceitos acerca do mundo que as pessoas tinham eram sobretudo de incidência local. É claro que as pessoas eram capazes de abstrair e pensar de maneira maior”.
Henrique Leitão propôs um olhar sobre as circunstâncias específicas do século XVI, nomeadamente a adaptação e melhoramento de instrumentos náuticos, bem como a planificação das viagens antes da partida por homens sem qualquer formação. O historiador mostrou como a expansão marítima foi um fator crucial para a construção da noção de uma Terra global. “A grandeza de navegações imperiais deve-se à graça de Deus? À grandeza do nosso rei? Ao saber dos almirantes? À bravura dos marinheiros? Ao domínio técnico-científico”, disse Henrique Leitão.
Quando o assunto é expansão marítima, é inevitável não falar nos Descobrimentos portugueses. A apresentação terminou com elogios a nomes como Pedro Nunes para realçar o papel dos portugueses na comunidade científica. Segundo o historiador, que ostentou documentos como a “Carta de John Dee a Gerar Mercator”, os contributos de Pedro Nunes não são devidamente reconhecidos.
A próxima sessão decorre a 4 de janeiro de 2019 e conta com a participação de João Paulo Cabral da Faculdade de Ciências da Universidade do Porto. O tema em debate será “A História da Botânica (séculos XVI-XVIII). A contribuição de Garcia Horta, Gabriel Grisley e Domingos Vandelli”.
Ana Sousa e Rafaela Ribeiro