As Serenatas Velhas, inseridas na semana de Receção ao Caloiro, estrearam as festividades, esta terça-feira em Guimarães. Como rege a tradição, o Grupo de Fados e Serenatas da Universidade do Minho atuou solene e emotivamente.

O Largo da Oliveira acolheu os estudantes que presenciaram o espetáculo inaugural da Receção ao Caloiro. O espaço recheou-se de capas negras ansiosas pelo começo das Serenatas Velhas, por volta das 21h30. Tendo em conta o ambiente aconchegante, o pequeno atraso no programa foi pouco relevante e não tardou muito a ser possível ouvir-se o afinar das guitarras portuguesas.

Precedendo a performance, discursaram o expoente máximo da praxe da academia minhota e o presidente da Associação Académica da Universidade do Minho (AAUM). Ambos apelaram não só ao começo de novas amizades e famílias, mas também à importância das serenatas nos fins de ciclo.

A atuação principiou com um momento de fado, onde se puderam ouvir quatro guitarras: uma metade acústicas, outra metade portuguesas. Os vocalistas entoavam sobre a alma e o destino, tal como o fado evoca. Posteriormente, apresentaram-se como o Grupo de Fados e Serenatas da Universidade do Minho e expuseram o programa.

Após se cantar o fado no Largo da Oliveira, os músicos integrantes subiram para uma charrete que os levou sobre a calçada vimaranense num passeio pelo centro histórico de Guimarães. Atrás do coche seguia a mancha negra de estudantes que se prolongava pelas ruas da cidade. Entre cânones os vocalistas entoavam com sentimento os versos das canções durante o percurso.

“Há sempre alguém que resiste (…) Há sempre alguém que diz não”, escutava-se em frente à Biblioteca Municipal Raul Brandão, onde a Rua de Santa Maria conhece o Largo Cónego José Maria Gomes. Seguido de cada canção assistia-se ao abanar de tricórnios como forma de aplauso e agradecimento ao grupo musical. Depois desta primeira paragem, o cortejo prosseguiu até ao Centro de Arte Recreativa, onde apenas se deu a volta neste local.

Na Torre das Almadas, estudantes femininas debruçaram as suas capas sobre as frestas da fachada da torre, recebendo assim a serenata. “Quem me dera que voltassem os doces tempos do além”, declamavam. Repetiram várias vezes muitos dos versos, enfatizando a emoção e o sentimento transmitido neste momento apaixonado. No final desta paragem, agradeceram subtilmente a presença feminina.

Em seguida continuaram rumo ao destino pretendido, o ponto de encontro original. Finalizando com a Velha e Tradicional Serenata, a última fase da atuação, os músicos cantaram o “Minho Encantador”. Durante este momento, presenciava-se o calor estudantil e o abraço coletivo, enquanto todos ouviam o entoar a duas vozes – acompanhadas por mais de mil interiores – de “Minho encantador, onde vive o meu amor, tão sozinho abandonado”.

As Serenatas Velhas marcam o início da Receção ao Caloiro, festividade que se estende até ao próximo sábado em Guimarães.