A alienação da Fábrica Confiança foi ontem aprovada em Assembleia Municipal. A venda da antiga saboaria foi decidida pela maioria dos deputados.

Depois de várias semanas de debate e discussão fica decidido o futuro da antiga Fábrica Confiança. A Assembleia Municipal que decorreu esta quinta-feira no Altice Fórum Braga aprovou a venda do imóvel com 44 votos a favor e 29 contra.

O primeiro e único ponto desta Assembleia Municipal foi o destino do edifício localizado na Rua Nova Santa Cruz, bem perto da Universidade do Minho. O debate intenso motivado pela grande onda de contestação que se formou ao longo das ultimas semanas acabou por terminar com a decisão de alienar o edifício.

Antes da votação os cidadãos tiveram a oportunidade de expor a sua opinião. Durante cerca de 40 minutos de intervenções muitos foram os munícipes que apelaram aos deputados para que mantivessem o edifício nas mãos da Câmara Municipal. Considerado por alguns cidadãos como o “último reduto da era industrial bracarense”, a Fábrica Confiança poderá agora ser adquirida por privados e vir a ser transformada em residência universitária.

Os partidos à esquerda – PS, CDU e BE – ainda submeteram a votação para que a decisão sobre a venda da antiga Fábrica baixasse para a Comissão de Educação e Cultura. No entanto, a recomendação foi chumbada com 43 votos contra.

A opinião do executivo sobre a alienação da Confiança

 Para Ricardo Rio a venda da Fábrica Confiança permitirá ao Município mobilizar fundos para outros investimentos. O presidente da Câmara Municipal de Braga reforça que este não foi um processo precipitado e que se ouviram todas as partes envolvidas.

Ricardo Rio afirma discordar de quem diz que a maioria dos cidadãos bracarenses estão contra a decisão tomada e afirma que ouviu várias opiniões pessoais a apoiar o executivo.

O líder parlamentar da maioria PSD/CDS-PP/PPM responde às criticas ao caderno de encargos da venda da Fábrica Confiança. Para João Granja “dizer que este caderno não introduz condicionantes não é correto”. Segundo o documento em questão “terá que ser mantida a identidade da volumetria existente e é obrigatória a preservação das três fachadas do edifício”. Para além disso reforça  que “não se permite a instalação de comércio” e obriga à criação de espaços que evoquem a memória do edifício.

“Vamos passar a uma nova fase da vida da Confiança, ficando claro que esta será uma forma de salvaguardar a memória e o património”, afirma o deputado

E o que diz a esquerda sobre esta decisão?

 A esquerda uniu-se para tentar evitar a alienação do edifício mas a maioria acabou por ditar o contrário. Se para os socialistas a decisão tomada foi “cega e fria” para a CDU a Assembleia desta quinta-feira foi “uma verdadeira lição de democracia”, que não foi dada pelo executivo mas sim pelos cidadãos que tentaram até ao fim que a fábrica continuasse sob o domínio camarário.

O Bloco de Esquerda responsabiliza Ricardo Rio e a sua equipa pelo estado de degradação do edifício, lembrando que existiram muitas associações interessadas em ocupar o espaço da antiga fábrica.

Junta de Freguesia de São Vitor deixa mensagem

Ricardo Silva interveio na Assembleia Municipal em resposta ao deputado municipal Hugo Soares. “Não cedo a pressões que me queiram incutir”, afirma o presidente da Junta de Freguesa de São Vitor. Ricardo Silva votou contra a alienação e recusou trabalhar com a Câmara Municipal pois foi chamado para trabalhar no caderno de encargos do negócio mas nunca para dar a sua opinião sobre a alienação do edifício.

O presidente da freguesia de São Vitor aconselha o atual executivo do município de Braga a “mudar o diálogo com as autarquias”, passando a ter uma “atitude mais próxima e num cana muito mais estreito”.