De regresso à Casa das Artes para a quinta edição do Festival de Fado de Famalicão, Gisela João cantou e encantou todos os presentes.

Não gosta de descrever o fado como “canções”, Gisela João prefere a expressão “poemas de amor” e acredita que “toda a vida é um poema de amor”. De pés descalços e vestido cintilante, a fadista minhota cantou sobre alegrias e tristezas, amores e desamores. Apresentou um fado contemporâneo sem desvios nem artifícios. Gisela arrepiou todos os que estavam no Grande Auditório, sala que esgotou. Não deixou de cantar os seus “poemas de amor” mais conhecidos e muito aplaudidos pelo público, como a “Noite de São João”, “Sou Tua”, “Mariquinhas” e “O Mundo é um Moinho”. Entre músicas, a cantora contou várias histórias da sua infância, da casa do avô João e das idas com a sua avó à feira de Barcelos, que recorda com nostalgia.

Quando confrontada com um imprevisto barulhento na plateia, vindo de um espetador alterado, de mão na anca, a fadista avisou que não se conforma em ser olhada de cima para baixo e que gosta e tem “todo o prazer de meter os homens no sítio”. Provou ser uma típica mulher do Norte, sem papas na língua e determinada em todas as escolhas que faz para a vida. Em palco, a fadista fez-se acompanhar de três instrumentistas: guitarra portuguesa, baixo e guitarra tradicional. O seu nome “Gisela” era o destaque do cenário, com muitas flores e uma poltrona cor de rosa.

Gisela João é já uma figura central e uma das mais importantes intérpretes da música portuguesa da atualidade. Começou a interessar-se pelo Fado aos 8 anos e rapidamente passou a cantar em casas de Fado. Ao longo da sua carreira, recebeu inúmeros prémios, com destaque para os prémios Blitz, Time Out, Expresso e o Globo de Ouro para Melhor Intérprete Nacional.

“Não é fadista quem quer, mas quem nasce fadista”, assim terminou Gisela João o concerto de sexta feira à noite, na Casa das Artes de Vila Nova de Famalicão.