A World Wide Web é um carrossel que nunca para. Só na rede social Facebook são descarregadas cerca de 250 mil fotografias por minuto. Com a nova era da facilidade de informação, em que somos bombardeados com milhares de imagens num só dia, levanta-se a questão da sua veracidade.

No início deste mês um jornalista da CNN, Jim Acosta, viu a sua acreditação para a Casa Branca suspensa após uma troca de palavras acesa com o presidente dos Estados Unidos da América, Donald Trump. A explicação da administração Trump para o sucedido foi um suposto abuso por parte do jornalista de uma das funcionárias.

Logo após o incidente, a alegada vítima e porta-voz da Casa Branca, Sara Sanders, partilhou na sua conta do Twitter um vídeo daquilo que parecia ter sido o abuso que deu origem à revogação da credencial de Jim Acosta. O vídeo partilhado pela jovem tinha sido descarregado na World Wide Web por um grupo de extrema-direita e começou a ‘fervilhar’ nas redes sociais. Mais tarde, vários especialistas vieram comprovar que o vídeo primeiramente partilhado tinha sido manipulado de forma a parecer que o jornalista tinha sido agressivo com a jovem Sara Sanders, o que, de facto, não aconteceu.

Este não é o único caso de manipulação de conteúdos multimédia. Será esta uma nova forma de “fake news”? A preocupação que se levanta é a capacidade do utilizador discernir o que é verdadeiro e o que é falso. Enquanto que com uma afirmação escrita, uma pesquisa rápida pode confirmar ou não se é baseado em factos, quando falamos em fotografias e vídeos a história fica mais complicada. Um utilizador normal na internet não terá conhecimento técnico para perceber se os conteúdos multimédia que visualiza passaram por ferramentas de manipulação.

Além da questão da manipulação, é muitas vezes posto em causa o ponto de vista utilizado nas fotografias e nos vídeos. Relembro o caso bastante polémico aquando do discurso de tomada de posse de Donald Trump em 2017. No dia do juramento, começaram a circular nas redes sociais duas fotografias que comparavam a assistência ao discurso de Trump com a que se verificou no discurso de Obama em 2007.

Na altura, a comparação gerou bastante discussão devido ao possível desvio do ponto de vista. A explicação mais usada para as fotografias poderem ser “fake news” era o facto de possivelmente não terem sido tiradas no mesmo momento da cerimónia. No entanto, é complexo verificar se de facto as fotografias seriam passíveis de comparação.

Todos os dias assimilamos informação de milhares de fotografias e vídeos e, na sua maioria, não questionamos o que estamos a assistir, quer seja na televisão, publicidade ou redes sociais. É complexo percebermos se devemos ou não acreditar nos conteúdos gráficos que estamos a ver, no entanto, parece ser uma questão de estarmos sempre alerta.

Com as múltiplas informações que nos chegam de diversas plataformas a cada minuto, a única forma de acreditarmos com certeza no que vemos é fazermos sempre uma dupla verificação: ler e reler sobre o assunto antes de formar uma opinião.