O Mistério do Relógio na Parede de Eli Roth tem uma proposta aparentemente simples. Conta a história de Lewis, um menino que perde os pais e se muda para Michigan, a fim de viver com o seu tio Jonathan, num casarão tido como assombrado.
A estas duas personagens junta-se uma amiga e vizinha de Jonathan, Sr. Zimmerman, com quem este passa grande parte do tempo. A relação entre os dois torna-se um dos pontos mais cómicos e centrais de todo o filme. Vivem a discutir um com o outro, mas demostram adorar se imenso.
O elenco do filme foi, sem dúvida, uma ótima escolha. Não consigo pensar em ninguém melhor para interpretar estas personagens do que Jack Black e Cate Blanchett. A cumplicidade entre os dois transparece para o ecrã e juntos criam um par perfeito de estranheza e diversão. O pequeno Lewis, interpretado por Owen Vaccaro, mostra-se à altura e, ainda que jovem e menos experiente, transborda talento. Ele pode ser visto como a personagem principal, já que está no centro da ação e é o típico jovem diferente de todos os outros, que passa a maior parte do tempo sozinho, bastante inteligente, curioso e pensativo.
O filme passa se nos anos 50 e toda a estética do mesmo, típica dessa época, é apaixonante, desde o guarda roupa das personagens até ás paisagens e interiores. Neste aspeto destaca-se, também, a casa, enorme, colorida, repleta de relógios, cor e magia.
As cenas iniciais acontecem muito rapidamente, até demais, o que torna mais difícil para o espetador perceber o contexto da história, conhecer as personagens e aproximar-se delas. Em poucos minutos a história avança para o momento em que Lewis percebe que a casa em que agora vive tem pouco de banal. Apercebe-se do comportamento estranho do tio e da vizinha e descobre que estes são feiticeiros. Encanta-se pela magia que os dois praticam e pede que lhe ensinem a ser, também ele, um feiticeiro. Lewis descobre ainda que o casarão na verdade pertencia a um feiticeiro poderoso que ao tentar usar os seus poderes para o mal perdera a vida. O jovem é também o responsável por libertar este novo vilão na história que tentará a todo o custo terminar o feitiço que iniciara ainda em vida.
A partir deste momento a narração volta-se para esta luta, entre o lado do bem e o lado do mal. Lewis, Jonathan e Sra. Zimmerman tentarão deter este vilão, que procura o relógio que escondera nas paredes da casa, o mesmo relógio que lhe permitirá realizar o feitiço que tanto deseja.
Um dos pontos altos são os efeitos especiais, que permitem criar o universo mágico do filme, de que este necessita e tem como essência.
Com uma visão geral do filme pudemos compará-lo a outros com narrativas semelhantes. Houve inclusivamente quem fizesse comparação com as aventuras de Harry Potter. Penso que não há comparação possível. Ao contrário de Harry Potter esta não é uma história que ficará na memória . No futuro se pensarmos em filmes de magia, este não será um dos filmes que vem à nossa mente. Muita culpa disto está nas escolhas feitas sobre como contar a história. Grande parte da vida das personagens foi omitida, o que não deveria acontecer. Era preciso um pouco mais de fluência narrativa para conseguirmos ligar a vida de Lewis aos eventos do filme.
Trata-se de um filme claramente infanto- juvenil, mas consegue funcionar para todas as idades. O realizador parece ter tido cuidado com isso e acabou por conseguir criar uma história juvenil, dinâmica e intemporal.
Para mim este é um filme tipicamente familiar. Não será a nossa escolha quando estamos sozinhos e tristes. Não será a nossa escolha quando queremos um filme que nos mova, pois a história não é capaz disso. Nem será a nossa escolha para rir á gargalhada. Mas é um filme leve e bom de ver. Consegue prender a atenção até ao fim, quanto mais não seja pelos visuais que são, de facto, espetaculares . A história não é brilhante, não é algo que nunca tenhamos visto antes, mas não deixa de ser um bom filme. É para mim, um filme de domingo à tarde.
Mistério para uma tarde de domingo
Título Original: The house with a clock in it’s walls
Argumento: Eric Kripke, John Bellairs
Realização: Eli Roth
Elenco: Jack Black, Cate Blanchett, Owen Vaccaro
EUA
2018