A data foi celebrada com uma nova exposição, que retrata os cinco anos do museu, e uma tertúlia sobre as recolhas etnográficas.
Foi na última sexta-feira que o Museu do Traje Dr. Gonçalo Sampaio celebrou o quinto aniversário. Para alem da inauguração da exposição que faz uma retrospetiva dos últimos cinco anos, o espaço bracarense recebeu uma tertúlia que juntou três responsáveis da Federação do Folclore Português.
A tertúlia teve como objeto de conversa “Recolhas Etnográficas 200 Anos Depois (?)”. Os oradores foram Daniel Café, António Faria e Ludgero Mendes, respetivamente, presidente e vice-presidentes da Federação do Folclore Português.
Durante a conversa, Daniel Café começou por ressaltar o papel de Mota Leite, pessoa que deu o maior contributo a nível de recolha etnográfica ao museu. Acrescentando que aprecia “as excelentes condições do espaço”, que não se verificam em muitos museus deste tipo, “sendo que existem museus que expõem os trajes sem qualquer proteção e quando julgam que estão a promover a partilha das recolhas, estão, na verdade, a danificá-las”.
Os oradores falaram sobre a importância destes museus, dos grupos folclóricos, das fotografias, da literatura e dos pais e avós que são as maiores fontes de informação das recolhas e principais meios para que estas sejam salvaguardadas e nada se perca.
Segundo os convidados, o folclore é um pilar inabalável do passado de Portugal enquanto país e sociedade. Como tal, os grupos folclóricos ajudam a manter este passado vivo e a honrar os antepassados.
Como solução para a salvaguarda das recolhas etnográficas, é apresentada a realização do processo técnico digital. O procedimento apresenta-se como uma forma de fazer os grupos folclóricos analisarem e refletirem sobre aquilo que têm e como o alcançaram, expondo estas informações num suporte trabalhável e acessível a todos.
No debate, André Marcos, presidente da Associação Recreativa e Cultural Universitária do Minho (ARCUM), falou acerca do processo que vivenciou na formação do grupo, das músicas e danças devidamente verificadas e recolhidas de forma a serem confiáveis e historicamente precisas.
O dirigente associativo mencionou ainda a diferença dos trajes do grupo folclórico que integra – Grupo Folclórico da Universidade do Minho (GFUM) – e dos restantes, sendo que este tem saiotes mais compridos e, segundo o jovem, é historicamente correto, apesar de ter sido alvo de estranheza por parte de alguns dos membros que já teriam participado noutros grupos deste tipo.
André Marcos terminou questionando se os grupos sabem as regras que devem seguir e se não seria pertinente haver formações para os grupos folclóricos.
A exposição que retrata os primeiros cinco anos do museu encontra-se preenchida por reproduções de exposições anteriores, diversos trajes populares, lenços em crochê, instrumentos musicais, recortes de jornais e retratos dos três grandes pilares do museu: Gonçalo Sampaio, fundador do Grupo Folclórico Dr. Gonçalo Sampaio, Mota Leite, cofundador do grupo folclórico, e Sá Fernandes, membro do grupo. Neste espaço sentia-se e vivia-se um dos elementos mais marcantes da cultura portuguesa: o folclore.