Quando alguém de fora pensa no associativismo e no trabalho que é feito pelos núcleos de estudantes, pensa como algo fácil, acabando muitas das vezes por desprezar todo o trabalho que nós fazemos. Este é um dos problemas que nós encontramos na vida do associativismo, o bota-abaixismo por parte dos outros, mesmo sabendo que não é toda a gente que tem vontade para se debruçar sobre os temas que mais preocupam aos estudantes e dinamizar o seu núcleo. Mas quero dar destaque a duas variáveis que afectam a vida de um núcleo de estudantes: a falta de experiência e a falta de interesse dos alunos em participar nas actividades.

Estamos todos de acordo que é dever do núcleo não só representar os alunos do nosso curso, como também apresentar actividades que permitem conhecer o curso onde estão inseridos, esclarecer e criar oportunidades únicas. Por exemplo, num mercado de trabalho tão competitivo e exigente é importante que se forneçam aos alunos algo que realce no seu currículo. Mas, para que se consigam organizar actividades com maior frequência e mais dinâmicas de maneira a conseguir atrair um grande número de participantes – tendo em conta a dimensão do curso, por exemplo, o de Sociologia –, é necessário também ter recursos financeiros e é aqui que os núcleos de estudantes diferem entre si.

Existem núcleos que devido à sua dimensão conseguem capitalizar através de um grande número de sócios, mas também devido à continuidade do núcleo e experiência no que concerne à vertente mais técnica e financeira do núcleo, o que não acontece em outros núcleos onde se pode incluir o Núcleo de Estudantes do Curso de Sociologia (NECSUM).

Felizmente, têm existido por parte da Associação Académica da Universidade do Minho (AAUM) formações que embora não sejam apenas destinadas ao meio financeiro de um núcleo, têm ajudado bastante na evolução dos núcleos, tal como aconteceu na última formação da AAUM sobre o PAJ/PAE do IPDJ.

Existe ainda a necessidade de conseguir atrair os estudantes ao seu núcleo. Esta é uma das tarefas mais árduas que um dirigente enfrenta. É sabido que existe um desinteresse generalizado dos jovens. Mas também é verdade que a maneira de se chegar aos jovens mudou.

Apesar de as colaborações com o nosso instituto/escola ou direcção do curso ou até mesmo com professores serem importantíssimas para a dinamização e atracção dos alunos, as actividades tradicionais já não atraem os jovens. E como bem sabemos, os jovens preferem muito bem estar num bar com os amigos numa tarde livre do que em mais uma actividade enfadonha organizada pelo núcleo ou em conjunto com a comunidade docente. Todavia, torna-se ainda mais árdua a tarefa quando o nosso próprio instituto/escola acaba por entrar em competição com o núcleo para ver quem faz melhor ou não se querer “chatear” em ajudar o núcleo, como já vi acontecer connosco e com outros núcleos da Universidade do Minho.

É necessário, por isso, reinventarmos as nossas actividades, trazer uma nova dinâmica para os núcleos. O facto de saber que vivemos, utilizando uma generalização apressada, numa geração que não se interessa muito facilmente pelo associativismo, obriga-nos a pensar fora da caixa.

O NECSUM está a terminar mais um mandato e posso dizer que não ficámos aquém dos nossos objectivos, muito pelo contrário, mas foi um mandato complicado. O associativismo é bonito, mas não é um mar de rosas! Poderia descrever como um mar bastante picado. Face às dificuldades que indiquei no artigo, é sempre um desafio continuar a crescer da maneira como temos feito, independentemente do caso de cada núcleo.

Por isso faço aqui um apelo: não julguem o trabalho dos outros sem nunca ter passado pelas mesmas dificuldades que nós passámos. Compreendam que existe todo um processo burocrático para conseguirmos apresentar uma actividade final e que haverá sempre imprevistos. Aquilo que peço a todos, não apenas aos alunos de Sociologia, mas sim a toda a comunidade académica é que colaborem junto do núcleo do vosso curso e colaborem, porque criticar por criticar não mudará nada.