Three Identical Strangers: uma descoberta inesperada

Three Identical Strangers é uma montanha-russa emocional. Angústia, tristeza, alegria e surpresa, são as emoções mais presentes. Este documentário, dirigido por Tim Wardle, leva-nos a ver o lado mais obscuro do que aparenta ser uma história com um final feliz.

Foca-se na vida de trigémeos que são separados à nascença e adotados por famílias diferentes, sem saberem da existência uns dos outros. Aos 19 anos, sendo meros estranhos, encontram-se de forma inesperada.

O que me surpreendeu nesta longa-metragem foi o simples facto de me fazer colar ao ecrã. É interessante, cativa, mostra um lado verdadeiro e humilde. Não senti em nenhum momento necessidade de passar à frente ou me abstraí do que estava a ver. Senti, pelo contrário, vontade de querer saber mais, de querer acompanhar a história desde o inicío.

Three Identical Strangers começa pelo lado mais alegre e positivo da narrativa, acabando por chegar à parte mais misteriosa e obscura, onde as emoções são maiores. Mas mesmo nas situações de felicidade, esta é intercalada com alguns momentos mais tristes e angustiantes.

Faz-nos questionar a ética dos estudos psicológicos e demonstra o grande laço entre os irmãos que, apesar de estranhos ao início, quando se conhecem pessoalmente conseguem ser uma família instantaneamente, sem constrangimentos.

O documentário de Tim Wardle, ao expor fotos e vídeos reais, consegue uma maior autenticidade e leva o espetador a sentir uma maior ligação à história. Vemos algumas cenas representadas por atores em que as caras não são reveladas, principalmente no que toca aos trigémeos. Talvez isso aconteça para podermos ligar as caras que vemos nas fotos e vídeos ao corpo do ator. Assim não sentimos que é outra pessoa, mas sim aquela que é a verdadeira.

A parte mais escura da biografia, onde é revelada uma verdade que intriga e provoca as maiores perturbações, é feita de uma forma justa, ao mostrar os dois lados da situação. Vamos conseguindo mudar a forma como pensamos acerca do assunto, à medida que recebemos opinião e informação dos vários intervenientes no documentário.

Todos os participantes que contam o seu ponto de vista da história mostram ser verdadeiros e ter vontade de expressar o que realmente pensam. Alguns são surpreendentes e a sua presença seria até pouco expectável, mas ainda assim dão a cara.

É uma história bem contada, entende-se bem, não ficamos com dúvidas acerca do que se passou. Acaba por nos despertar para a realidade, pois percebemos que podemos a qualquer momento descobrir algo escondido de nós mesmos.

É totalmente recomendável, conseguimos ficar tocados com a história e perceber o que acontece pelo mundo fora, sem termos a noção da dimensão sinistra e obscura que existe.