É Natal. O calendário marca oficialmente a época que não é unânime no despertar de sentimentos para todos. Alguns de nós entram facilmente no espírito. Outros precisam de um impulso maior do que as luzes, as árvores e os cânticos para sentir a magia que, dizem, anda no ar. Se há coisa que o cinema consegue fazer é magia. Este mundo é um set the mood perfeito que sempre funcionou para mim. O que o cinema também faz é conseguir que as pessoas acreditem em milagres. Quase todos os filmes que a indústria produziu para esta altura do ano têm um. Há sempre alguém que volta, alguma coisa má que acaba ou um desejo que se concretiza. É para nos fazer acreditar num milagre de Natal, ou talvez acreditar apenas numa boa noite de cinema, que escrevi este artigo que se segue. A lista dos 10 melhores filmes de Natal, sem nenhuma ordem em particular. Desfrute.
Sozinho em Casa 1,2 e 3 (1990-1997) – “Sozinho em casa?! Outra vez?!”: todos conhecemos uma pessoa que diz esta frase. Não seja essa pessoa. Há clássicos que merecem e devem ser revisitados para uma correta experiência da época natalícia. O dia 25 de ninguém está completo sem ver um miúdo a queimar a cara com aftershave. E, sejamos honestos, tem sempre piada. Todos os anos. Mesmo quando já se sabe o que vai acontecer. Mesmo quando as falas já estão decoradas. Rir enquanto outros escorregam no gelo, queimam a cabeça ou levam com latas de tinta na cara. Funciona sempre. É o Shakespeare das comédias de Natal.
Um Conto de Natal (2009) – Ficamos diferentes depois de o ver. Baseado no famoso livro de Charles Dickens, a história de Scrooge é mais séria do que a que se vê em muitos filmes de época. Evoca sentimentos de medo e arrependimento. Corta completamente com a cheesinese ou o sugar-coting que associamos aos filmes de Natal e é por isso que é brilhante. Jim Carrey aparece duas vezes nesta lista e não é por acaso: Um Conto de Natal é mais uma demonstração do seu talento pelo qual qualquer espectador de cinema fica grato. Uma história perturbadora que provoca reflexão e com muito pouco de Disney.
Polar Express (2004) – Na véspera de Natal um rapaz embarca numa aventura no Polar Express rumo ao Pólo Norte, encarnando uma jornada de descoberta do espírito natalício. Um filme que nos lembra o quanto a animação digital tem evoluído nos últimos anos e nos entusiasma com os cenários mágicos que se desenrolam perante os nossos olhos a cada segundo. Visualmente mágico.
Grinch (2000/2018) – A primeira versão de How The Grinch Stole Christmas data de 2000, baseada no livro do autor infantil Dr. Seuss e com a interpretação impagável de Jim Carrey. Uma versão mais fresca foi feita precisamente este ano, 2018. Sendo que alguns de nós muito se identificam com a criatura verde e mesquinha que odeia o espírito de natal, a recomendação do Grinch não podia faltar nesta lista. Um filme animado que agradará especialmente aos mais pequenos e que, para o público em geral, é uma tradição de cinema que não pode faltar.
O Anti Pai Natal (2003) – Humor hilariante perfeito para risadas entre uma rabanada e outra. Este filme cobre a história de um homem alcoólico que trabalha como pai natal num centro comercial com o objectivo de roubar dinheiro na véspera do dia 25. Ver o crescimento da personagem Billy Bob ao longo do filme é na verdade bastante aconchegante e uma prova de que, no Natal, a décima, a 50ª ou a 100ª oportunidade às vezes aparece. Provocador de gargalhadas do início ao fim conta com um elenco que sabe bem como fazer comédia.
Crónicas de Nárnia (2005-2010) – Nas minhas listas temáticas há sempre um filme que não sendo directamente relacionado com a época me lembra dela por determinadas razões e que eu considero suficientemente representativo da atmosfera pedida. A saga das Crónicas de Nárnia é um conjunto desses filmes. O mundo mágico criado por C. S Lewis é de uma criatividade que só posso admirar e que dá origem em ecrã a visuais estrondosos. Não há lugar mais acolhedor e sonhador que Nárnia. E as performances do elenco, especialmente da então pequena Georgie Henley enquanto Lucy, despertam no público uma empatia que o agarra ao filme. Recomendo por tudo isto e pela possibilidade de, ao menos em ecrã, ser possível ver neve.
O Amor Acontece (2003) – Dez vidas comuns e extraordinárias encontram-se por acaso em Londres semanas antes do dia de Natal. A história que se desenrola até ao dia do feriado leva-nos de facto a voltar a acreditar no amor e deixa-nos encantados pelo elenco. A aposta ideal para quem tiver apetite de uma comédia romântica nesta época.
O Mensageiro do Céu (1947) – Cary Grant e Loretta Young numa tela a preto e branco. É para aqueles que apreciam um bom clássico. Falando em milagres de Natal, O mensageiro do céu tem-nos com certeza. Mas há muito pouco de fantasia no filme. Pelo contrário, apenas uma grande humanidade nas personagens que entregam performances encantadoras. De 1947, seria facilmente esquecido nesta lista. Tem uma bela luta de bolas de neve e vale bem a visualização.
Milagre em Manhattan (1994) – No início do filme, o Pai Natal está tão bêbado a ponto de desmaiar. Um take interessante no espírito natalício, Milagre em Manhattan questiona a existência do Sr. Nicolau para contar uma história. Encoraja a acreditar quando o senso comum diz que não é o mais prudente e, com um toque de realismo, é uma comédia genuína e aconchegante sobre a metáfora da existência do senhor de barbas brancas. Fica a citação de Kris Kringle: “Oh, Christmas isn’t just a day. It’s a frame of mind”.
O Calendário de Natal (2018) – Um romance previsível – razão que pode justificar as críticas negativas – mas acolhedor. A avaliação que fazemos de O Calendário de Natal dependerá muito da perspectiva com que olhamos para ele. Na verdade, é o perfeito bom típico filme natalício. Com um conceito único com o uso dos calendários de Natal, a obra da Netflix consegue contar uma história comovente com uma moral por trás. A atriz de The Vampire Diaries, Kat Graham, é a responsável pelo charme do filme juntamente com Quincy Brown e toda a atmosfera que esperamos ver quando ligamos a televisão nesta altura do ano está presente.