O aluno de Engenharia e Gestão de Sistemas de Informação apela que todos os alunos votem “com consciência naquilo que acham que é o melhor para a academia e para todos os alunos da universidade”.

André Ferreira,  presidente da Comissão Eleitoral, considera que o nível de abstenção se irá manter nas eleições para a Associação Académica, que estão marcadas para dia 4 de dezembro. O estudante de Engenharia e Gestão de Sistemas de Informação olha para o “desinteresse dos alunos pelo associativismo” como a principal razão da pouca adesão ao voto. 

A Comissão Eleitoral tem como plano “conseguir que as eleições sejam imparciais” e que vá votar o maior número de alunos. A mudança da disposição das urnas é uma medida que atua nesse sentido. As mesas de voto , relativas ao campus de Azurém, da escola de arquitetura vão ser transferidas para a Escola de Ciências, lugar onde passam mais alunos, sendo até o acesso à biblioteca do campus. 

ComUM: O nível de abstenção tem sido bastante significativo. Na sua opinião, o que explica esse valor?

André Ferreira: Isso acontece. Percentualmente, têm votado muito poucos alunos. Nas eleições normais votam cerca de dois mil alunos quando só há uma lista candidata a cada órgão. Quando há duas listas candidatas, normalmente, votam quatro mil alunos que é muito muito pouco. Isto acontece por um simples facto: pelo desinteresse dos alunos pelo associativismo. Isto vê-se quer a nível de associações académicas, neste caso a Associação Académica da Universidade do Minho, quer a nível de núcleos. Falando por experiência própria, não é fácil mobilizar os alunos, nem dar-lhes a entender a importância de uma associação académica e dos núcleos de estudantes. E como não há interesse, os alunos não querem mesmo saber disto, não votam, nem têm opinião sobre o assunto. A maior parte não sabe o que é uma Associação Académica, o que é o núcleo ou o  trabalho que, efetivamente, aquilo dá e o respeito que merece.  Qualquer órgão associativo tem muito trabalho, muita responsabilidade em representar os alunos e estes não têm interesse por isso. Esse é o facto que leva à abstenção. 

ComUM: Quais são as expectativas para este ano?

André Ferreira: Não me acredito que haja mudança. Isto é real. Claro que como comissão eleitoral o nosso trabalho é apelar ao voto e é isso que iremos fazer. Desde já, vamos colocar cartazes de apelo ao voto pelos campus, mas não é fácil convencer os alunos. Este ano para ajudar um bocadinho nisso tentamos ter mais mesas de voto. Existem seis mesas e nós subdividimos algumas, tendo assim 12 urnas. Este número permite que, por norma, votem 12 mil alunos, porque cada urna tem uma capacidade para mil alunos. Apesar disso e, na minha opinião pessoal, não me acredito que vamos conseguir chegar a esse valor, nem de perto. Acredito que, provavelmente, vai ficar como costuma ficar: entre os três e quatro mil votos, não muito mais que isso. Infelizmente, claro, porque quem me dera que fossem votar 12 mil alunos ou mais ainda. 

ComUM: Considera que o facto de haver duas listas pode provocar nos alunos um maior interesse em votar?

André Ferreira: Sim, havendo duas listas candidatas para a direção e duas listas candidatas para o conselho fiscal e juridiscional aquilo que acontece é: há mais candidatos, há mais alunos a mobilizar outros para irem votar. Por exemplo, sendo eu de uma lista, se calhar, consigo levar 50 pessoas. Outra pessoa de uma lista diferente consegue levar mais 50. Desta forma, há uma maior mobilização dos alunos a votar. É isso que faz com que dupliquem o número de votos quando há eleições disputadas e isso é bom. Era positivo que houvesse sempre eleições disputadas e este ano é um deles. Para mim, o trabalho é mais complicado, porque exige mais responsabilidade, não querendo dizer que quando há só uma lista não haja, mas é sempre a dobrar. 

ComUM: A disposição das urnas este ano é diferente. Em que consiste esta mudança? 

André Ferreira: Por norma, no campus de Azurém, existia uma urna na escola de Arquitetura e que só abrangia os alunos da mesma escola. A comissão eleitoral, este ano, decidiu que queria essa mesma mesa  na escola de Ciências, uma vez que, passam lá muitos mais alunos e é o acesso à biblioteca aqui do campus de Azurém. Na escola de Arquitetura só lá vão mesmo os alunos do curso. Com essa mudança vamos trazer mais alunos a votar, principalmente os alunos da escola de Ciências e até aqueles que nem sequer votavam. Ou porque não passavam por nenhuma urna ou não iam à nave central, aqui em Azurém. Assim, os alunos quando iam à biblioteca não viam nenhuma mesa, por isso não votavam. Agora, vão ver uma ali e, muito provavelmente, vão votar. A mesa de voto vai estar subdividida em duas, de forma a evitar filas, principalmente nos intervalos, para que os alunos não desistam de votar. Com esta alteração, esperemos que ninguém desista do seu voto, porque todos têm direito a ele.

ComUM: Qual o compromisso da comissão eleitoral para estas eleições?

André Ferreira: O compromisso da comissão eleitoral é só um: conseguir que as eleições sejam imparciais, tentando ao máximo ser honestos e sérios. Este é o nosso objetivo. E, claro, que vá votar o maior número de pessoas. Eu, como presidente da comissão eleitoral, ficaria orgulhoso se este fosse o ano em que mais alunos fossem votar desde a história da Associação Académica da Universidade do Minho. Estou a  lutar por isso e espero que o consiga. Seria um orgulho para mim. Apelo que votem com consciência naquilo que acham que é o melhor para a academia e para todos os alunos da universidade.  

Margarida Pinto e Rita Poças