Inovação, experimentação e mudança são algumas das muitas características que definem o oitavo álbum dos Pink Floyd, lançado a 1 de Março de 1973. The Dark Side of the Moon, foi o trabalho que revolucionou o Rock progressivo, ao explorar sons nunca antes utilizados.

A banda britânica gravou a sua obra-prima nos estúdios de Abbey Road, um dos melhores estúdios a nível mundial, e que, na altura, possuía as melhores condições. Trabalharam ao lado de Alan Parsons, o engenheiro que anteriormente já tinha colaborado com os meninos de Liverpool, The Beatles, na gravação do seu penúltimo álbum, em 1969. Tirando proveito de inúmeros instrumentos, sintetizadores analógicos, loops, e a gravação multi-track de 16 canais, os Pink Floyd criaram um som único, que ainda os caracteriza nos dias de hoje.

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The Dark Side of the Moon é mais do que um simples álbum, é um reflexo da vida do ser humano. Esta obra de arte consegue colocar-nos num mundo completamente à parte com a sua música genial e com as suas letras explêndidas, que refletem sobre temas que afetam o ser humano ao longo da sua vida.

“Speak To Me”, a canção inicial, consiste na colagem de diversos sons que originam no suspense que o tema transmite. O bater de coração inicial simboliza o início de tudo, que progride cada vez até chegar ao momento de loucura, em que entramos em pura insanidade devido aos problemas do dia-a-dia, e nos remete ao grito de explosão que finaliza a faixa.

Logo após este início prometedor, é-nos entregue o clímax, acalmando todos os ouvintes, introduzindo-nos num momento de introspeção com o tema “Breathe”, que nos faz pensar o quão importante é parar, inspirar, e refletir sobre o que realmente importa. A mensagem consiste em reavaliar a nossa vida e que devemos aproveitá-la ao máximo, quebrar a monotonia e fugir à regra, de maneira a escolhermos o que queremos de verdade e o que nos faz verdadeiramente felizes, não entrando num ciclo vicioso de pretensões fúteis, pois o que realmente importa no fim da nossa vida são as memórias felizes.

“On The Run” é um tema que nos faz entrar numa viagem profunda, fruto de experimentação de Roger Waters. Como primeira impressão, com os loops de pratos de choque e de sintetizador, parece que estamos perante uma situação stressante. Conseguimos ouvir uma mulher a falar ao microfone, no que parece ser um aeroporto, os passos apressados e a respiração ofegante de alguém que parece estar prestes a perder o seu voo. Na parte final da canção ouvimos um homem a rir e, logo de seguida, um avião a despenhar-se, deixando-se assim de ouvir a pessoa. A faixa termina com os passos de alguém a correr, e com o som de relógios, a emergir aos poucos.

O tema “Time” inicia-se dando seguimento ao fim da música anterior, com o som forte, estridente de relógios. A canção fala-nos sobre como, por vezes, damos o tempo por garantido e como fugimos à felicidade, e que, em vez de controlarmos o nosso destino, deixamos que as coisas aconteçam sem rumo. No fim, quando nos apercebemos e caímos na realidade, o tempo passou, e percebemos que, no fundo, nunca aproveitámos a vida a sério.

“The Great Gig In The Sky” é um tema que é reconhecido pela deliciosa entrada de piano, por parte de Richard Wright, e pela voz magnífica da cantora Clare Torry, que nos leva a um mar de sensações inexplicáveis. Cada onda projetada pela voz da cantora transmite algo diferente, que nos faz permanecer sentados, perplexos, a desfrutar cada segundo da faixa.

De seguida, temos “Money”. Roger Waters inovou e gravou uma caixa registadora, juntamente com o som de dinheiro, que deixa em loop na primeira fase da canção. O tema fala sobre dinheiro e sobre a ganância das pessoas. É transmitido o quanto a vida é dirigida em relação ao dinheiro, e como este pode influenciar as pessoas de forma negativa, transformando-as em seres egoístas, arrogantes, e sem qualquer sentimento pelos demais.

A próxima faixa do álbum é “Us And Them”, uma crítica à guerra, que nos faz perceber que, no fundo, somos todos iguais, e que só entramos em guerra devido a interesses superiores. Dá a entender que somos manipulados por quem tem grande poder económico, o que causa a morte de inocentes, enquanto que os políticos e as elites aguardam os resultados dessas guerras para atingirem os seus objetivos maldosos.

O tema que se segue, “Any Colour You Like”, é um instrumental recheado de sons de sintetizadores de Richard Wright, baixo de Waters, bateria de Nick Mason e guitarra de David Gilmour. Este último tem um papel relevante na música, com a parte rítmica e com o seu solo, que explora de forma ótima com um efeito de guitarra, denominado chorus, muito utilizado ao longo da sua carreira. Embora a maior parte dos humanos nunca tenha oportunidade de pisar a lua, ou de percorrer o espaço, ouvir esta faixa é uma boa forma de sentir como isso seria.

“Brain Damage” reflete as más fases das nossas vidas, as nossas loucuras interiores, por vezes escondidas, e o estado de alguém que não está bem mentalmente, devido a muitos problemas. A canção indica o estado de Syd Barret, antigo membro da banda, que entrou em paranóia e desenvolveu esquizofernia após um grande abuso de drogas alucinógenicas. “And if the band you’re in starts playing different tunes“, remete à fase final de Syd Barret nos Pink Floyd, quando tocava notas aleatórias e sem nexo em palco, o que levou à sua saída.

Para terminar The Dark Side Of The Moon, os grandiosos reis do Rock progressivo deixam-nos com “Eclipse”, que explode depois do build up final de bateria feito em “Brain Damage”. A letra inspiradora e vozes femininas de fundo deslumbrantes e assombrosas, tornam a faixa sublime e emocionam o ouvinte. A faixa termina com o bater de coração que, aos poucos, torna-se menos audível, até se silenciar por completo, simbolizando, assim, o fim da nossa vida. A mensagem concluí o álbum, ao expressar todos os sentimentos do ser humano ao longo da sua vida e que, no final, tanto o bem como o mal vão estar sempre ligados ao ser humano. “And everything under the sun is in tune, but the sun is eclipsed by the moon”.

Este álbum é um clássico na história do Rock, por ser épico, e todos deveriam ouvi-lo. Pois não só a música é fabulosa e única, como também as letras são inspiradoras e tocam qualquer pessoa.