O Clube, mais conhecido pelo seu título original The Breakfast Club, é um marco dos anos 80, estreado em 1985, apresenta-se como um dos filmes mais reconhecidos de John Hughes, não sendo apenas capaz de competir com o clássico de Natal Sozinho em Casa.

Este filme traz-nos as histórias de um cérebro, um atleta, uma doida, uma princesa e um criminoso forçados a passar o sábado na escola devido a detenção. Cinco pessoas que à primeira vista nada têm em comum, que divergem em popularidade, morais, notas, estilos de vida e ideias, mas que se relacionam em algo: todos eles são adolescentes a tentar perceber quem são sem que isso lhes seja dito por terceiros.

The breakfast club

The Breakfast Club pode parecer-nos um pouco lento e monótono à primeira vista, mas isso encaixa na narrativa a ser contada. Um dia passado numa biblioteca escolar nunca poderá ser muito alucinante, certo? Estes cinco personagens conseguem mudar isso com a ajuda de uma trilha sonora digna da era musical em que a historia toma lugar. E não, não me refiro apenas à musica que trouxe sucesso à banda Simple Minds, ainda que “Don’t you (Forget about me)” tenha sido escrita especialmente para o filme.

No entanto, o mais marcante nesta historia é a sua mensagem e a intemporalidade da mesma. 33 anos após a sua estreia, as realidades que representou são parte da nossa atualidade. Hoje em dia continuamos a julgar-nos pelas aparências e acabamos por cair em estereótipos sem nunca nos preocuparmos com o que se passa para lá da imagem. Os adolescentes são talvez a classe etária que mais sofre com este problema.

the breakfast club

Através das atuações de Molly Ringwald (Claire), Judd Nelson (John), Ally Sheedy (Allison), Emilio Estevez (Andrew) e Anthony Hall (Brian) são nos dadas as perspetivas de jovens com problemas familiares, que não sabem lidar com a pressão constante sobre eles (ou a falta dela). Estes são alunos do secundário subjugados aos olhos julgadores de adultos que não se preocupam em perceber o lado deles. Isto é refletido na personagem do professor encarregue pela detenção (Paul Gleason), uma personagem que pode ser vista como o vilão e a quem são dirigidas as últimas palavras do filme que realmente nos fazem relacionar com a mensagem.

É importante mencionar também a dinâmica das personagens, tendo em conta a sua complexidade e o quão opostas são, algo que se deve essencialmente ao talento dos atores acima mencionados. Destaco ainda os momentos de tensão e emoção, ampliados pelo silêncio, sem barulho de fundo ou música subreposta, o que torna as cenas mais reais e cruas.

Assim, The Breakfast Club traz-nos não só introspeção, mas também gargalhadas, adrenalina e talvez uma lágrima ou outra. É um clássico que merece ser revisto, especialmente por aqueles que se esquecem do quão difícil é ser adolescente e são rápidos a julgar aqueles que estão a passar por esse momento incerto e confuso da vida. Este filme é uma lição para pais e filhos, alunos e professores e todos aqueles que no dia a dia se deixam levar por estereótipos. É sempre bom relembrar que dentro de cada um de nós não há apenas um cérebro, um atleta, uma doida, uma princesa ou um criminoso.