Do YouTube aos palcos, Diogo Batáguas está agora nos últimos espetáculos do seu projeto de stand-up comedy a solo: “Quero Lá Saber”.

Foi sem papas na língua que Diogo Batáguas encheu o São Mamede CAE, em Guimarães, de gargalhadas e boa disposição, na passada sexta-feira. Ninguém se mostrou indiferente à cómica sinceridade do “Quero Lá Saber”, que já passou por todo país e também por Londres, com um título comum à série de vídeos que publica no YouTube.

Em tom autobiográfico, Batáguas serve-se das suas vivências e falências para pôr o público a rir: começa por contar a sua história profissional, trabalhou em duas rádios que acabaram por falir, e ainda hoje é confrontado com pedidos como “faz lá aquela voz de rádio”. Teima em responder que não há voz de rádio, mas sim toda uma aura que se cria em torno da voz que se ouve pela rádio.

Trabalhou também num canal de televisão, que, diz ele: “Adivinhem lá! Bingo! Faliu também!” Agiu como apresentador num programa que resume, ironicamente, na palavra “requinte”, por se tratar de algo marcadamente machista e “sem jeito nenhum”. A sua dedicação aos que o admiram, refletiu-se também no momento em que ofereceu um DVD a um fã, baseado na linha de raciocínio desse programa.

As peripécias da sua vida servem de base ao espetáculo, mas Diogo Batáguas reforça a escassez das mesmas. “A mim não me acontecem tragédias, logo não posso transformá-las em piadas porque a minha vida é uma seca.”

Estabelece pontos de contacto entre assuntos sensacionalistas e temas sérios, como o ateísmo, sem nunca esquecer o futebol, com presença frequente nos seus vídeos, o amor a Portugal e, em particular, à gastronomia portuguesa. “No outro dia, apareceu-me um britânico que me disse que em Portugal se comia mal.” O episódio só podia ter-se desenrolado de uma maneira: mostrando-lhe as iguarias portuguesas.

O tema da religião também ecoou no Centro de Artes e Espetáculos de Guimarães, observando-se o satirizar do fascínio por Deus e a incerteza do momento em que esse passa aos extremos do fanatismo.

Houve também lugar para piadas dirigidas ao berço de Portugal: “No outro dia, aprendi que [ao falar de futebol] não é Guimarães que se diz, é Vitória. De tal modo que, quando o meu irmão me perguntou onde é que ia atuar hoje, eu lhe respondi: pá, vou ali a Vitória… Quer dizer, Guimarães!”

A interação com o público emancipou-se no momento em que aparece com uma lista de trocadilhos, pedindo que, após a leitura de cada um, a plateia se manifestasse com “bom” ou “mau”. Aquando do primeiro “mau”, serviu-se de uma irónica indignação: “Mau, vocês é que percebem de comédia, é? Quem é que está em cima do palco, afinal?”

Os aplausos foram notórios, as gargalhadas quase incessantes e as duas horas de espetáculo deixaram todos os presentes a querer mais.

Com uma pitada de humor negro e doses imensas de ironia e sarcasmo, Diogo Batáguas animou a noite de sexta-feira, em Guimarães, que fechou com chave de ouro com a sua disponibilidade e atenção aos fãs: após o espetáculo, convidou o público a ir conversar consigo, deixando espaço para autógrafos e fotografias.