Demasiado tempo de aulas faz com que muitos estudantes do Ensino Superior não consigam trabalhar e estudar ao mesmo tempo.

Os alunos portugueses do Ensino Superior são os estudantes europeus com mais horas de aulas por semana. Este é um motivo para haver tão poucos alunos que conseguem conciliar o estudo com o trabalho.

Em média, um aluno português do ensino superior tem 21 horas de aulas por semana. Este número coloca Portugal no topo da tabela, juntamente com a Polónia. A média europeia é de apenas 17 horas semanais. Em alguns países do norte da Europa, os números são ainda mais baixos: a Suécia tem apenas 10 horas de aulas semanais e a Noruega 13.

Em Portugal, se ao tempo em aula se acrescentar o tempo de estudo, um estudante do ensino superior nacional gasta em média 46 horas em atividades letivas e de estudo. No caso dos trabalhadores-estudantes, juntando a profissão, aulas e estudo, têm cerca de 63 horas ocupadas por semana.

Segundo dados analisados pela TSF, o Inquérito às Condições Socioeconómicas dos Estudantes do Ensino Superior em Portugal divulga que apenas 22,3% têm uma profissão regular durante todo o ano letivo, sendo que 8% têm trabalho ocasionalmente.

Susana Martins, coordenadora da investigação do Centro de Investigação e Estudos de Sociologia do Instituto Universitário de Lisboa, refere que os números anteriores são muito baixos, comparados com outros países europeus.

A coordenadora afirma ainda que tanto a falta de flexibilidade no mercado de trabalho como a organização dos horários nas universidades e “o muito tempo em sala de aula” são razões que impedem que “existam mais estudantes que consigam conciliar trabalhos em part-time com a formação superior”.

A grande parte dos trabalhadores-estudantes já têm uma carreira profissional, mas decidiram voltar a estudar. A outra parte são estudantes que procuram um trabalho de maneira a terem mais rendimentos sendo penalizados, no ano seguinte, se pedirem uma bolsa de estudo.