A Paixão de Shakespeare, com direção de John Madden, é sem dúvida um filme que conseguiu atingir os corações da sua época (como se pode ver pelos inúmeros prémios atribuídos) e que continuará a apaixonar todos aqueles que se atreverem a entrar no universo do mais conceituado dramaturgo da história.

Este filme passa-se na época dos dias gloriosos do teatro Elizabetiano, onde dois teatros lutavam entre si por dramaturgos e público: a norte, o “Curtain Theatre”, casa do famoso ator Richard Burbage (Martin Clunes); do outro lado do rio o “Rose”, construído por Philip Henslow (Geoffrey Rush). Aqui, o jovem Shakespeare (Joseph Fiennes) é já um poeta e ator bastante conhecido no mundo do teatro, mas que começa a ser esquecido pelo público quando sofre um bloqueio criativo que o impede de escrever peças novas.

a paixão de shakespeare

Um dia, durante as audições para uma suposta nova peça, o protagonista conhece Thomas Kent, desconhecendo a verdadeira identidade do ator: a jovem Viola De Lesseps (Gwyneth Paltrow). É mais tarde, num baile, que Will conhece a jovem, que se apresenta nobre, bela e elegante, despertando num instante a inspiração do dramaturgo, que a terá como sua musa, mal sabendo que a tem também como atriz.

Viola deseja para a sua vida pouco mais do que ser atriz e ter um amor grande e arrebatador, como ainda nenhuma peça conseguira demonstrar. Diz até que “dormiria a vida inteira se pudesse sonhar pertencer a uma trupe de atores.”

a paixão de shakespeare

Rapidamente, Shakespeare começa a escrever uma nova peça. Esta será a maior tragédia da história do teatro, capaz finalmente de expor a natureza do verdadeiro amor, o que o fará ganhar nada mais, nada menos do que: cinquenta libras, o respeito da rainha Elizabeth I, o renascer do “Rose” e o amor de Viola.

No final de contas a história contada na sua peça não será outra senão a própria história do seu amor com Viola, um grande amor, mas louco, perigoso e trágico, visto o facto de a donzela ter casamento marcado com Lord Wessex (Colin Firth). Wessex não descansará enquanto não arrancar a cabeça àquele que tenta tirar-lhe o que é seu, o que terminará em mortes que não as esperadas e o delírio de ver, por fim, William Shakespeare ainda vivo.

Com o filme “A Paixão de Shakespeare”, John Madden consegue mostrar-nos claramente a sociedade e as mentalidades da época, bem como a aventura que era o teatro na altura, com todas as suas dificuldades e peripécias para se conseguir ser bem-sucedido. Isto promete, não só enlevar o espectador nesta atmosfera, bem como diverti-lo com vários episódios cómicos de personagens que conseguem prender-nos durante as várias cenas, graças ao roteiro muito bem conseguido por Tom Stoppard e Marc Norman.

a paixão de shakespeare

O elenco escolhido foi sem dúvida magnífico, sendo muitos dos atores participantes ainda conhecidos atualmente, com um grande nome no cinema. Os vários prémios atribuídos ao filme por melhor elenco são também prova a favor de que o grupo escolhido não poderia ser outro.

O figurino consegue também transporta-nos facilmente para a época tratada, com alguns trajes magníficos e marcantes, que prometem deleitar qualquer um que os aprecie.

Podem encontrar-se inúmeras cenas fortes, marcantes, ou até engraçadas, tais como: quando Shakespeare conhece Viola no baile, acabando por ser ameaçado; o primeiro encontro dos dois no quarto da donzela, onde a aia da jovem promete divertir qualquer um; o encontro com a rainha, onde Will se mascara de aia; e a morte de Christopher (Kit) Marlowe (Rupert Everett), por causa de um erro cometido por William.

a paixão de shakespeare

Para todos os que de certa forma adoram Shakespeare, Romeu e Julieta, ou apenas o teatro em si, ou mesmo para aqueles que sejam curiosos e gostem de um bom cinema de Domingo à tarde, “A Paixão de Shakespeare” é o filme ideal para transportar qualquer um pelo mundo do teatro, do romance e da tragédia. Um filme reconhecido na sua época e atualmente, com uma grande contagem de prémios atribuídos, desde Óscares a Critics Choice Awards.

Sem dúvida um filme a não perder graças à sua história envolvente e bem conseguida, com todos os louvores daquele que foi o maior poeta e dramaturgo da história do teatro, que continua a apaixonar o mundo com o seu trabalho.