#Arquivo | Sorria, está a ser filmado

Protagonizado pelo ator Jim Carrey, The Truman Show é uma espécie de “Big Brother”, onde se é observado 24 horas por dia. Truman é o protagonista do programa, que é visto por todo o tipo de pessoas. Acontece que ele próprio não sabe que vive dentro de um reality show e que tudo à sua volta é falso.

Sentimos uma certa empatia pela personagem principal, dado que se vivessemos da mesma forma do que ela nos íriamos sentir enganados e aprisionados. No início do filme vemos a relação de Truman com uma rapariga chamada Sylvia, que acaba por lhe revelar que tudo aquilo é mentira e que ele vive numa realidade simulada por alguém. Durante anos, Truman tenta criar a cara de Sylvia a partir de revistas com caras de modelos, cortando as partes mais semelhantes a ela.

Nos momentos em que Truman começa a sentir cada vez mais a ideia de que tudo é uma mentira, vemos a sua ambição e determinação em tentar descobrir a verdade e escapar ao mundo falso em que vive. Sylvia é a personagem mais realista da película, isto porque é ela que tem coragem de lhe dizer a verdade. É ela que luta para que ele seja liberto da mentira em que vive. Vê-se o amor que ela tem por Truman e a grande vontade que tem em trazer-lhe justiça.

Christof é o grande criador do programa. Não se entende bem qual é a verdadeira razão de o ter criado da forma que o fez. Ele não apresenta ressentimento por ter colocado Truman numa posição tão desumana. Sente que fez a coisa certa e que trouxe felicidade e entretenimento a todos os que vêm o programa, que conseguiu algo inédito que prendesse os espectadores à televisão.

Em certos momentos vemos as cenas a partir das tais câmeras implantadas em todos os locais. O efeito é semelhante a como se estivéssemos a ver o programa, como se fôssemos parte da audiência. A atitude de Truman no clímax é positiva e emocionante. Ele nunca desiste de conseguir obter a verdade. Por mais desafios que lhe coloquem à frente, para que ele não escape ao mundo em que vive, ele continua a prevalecer e a mostrar do que é capaz.

Na minha opinião, chega a ser um filme obscuro e sinistro. O facto de alguém adotar uma criança para a fazer crescer a ser observada constantemente e ter o simples objetivo de entreter de uma forma realista, sem texto, sem planos, cria uma angústia. Ninguém deve ser usado dessa forma. O filme traduz uma ideia muito mais obscura do que aparenta.

Para concluir, recomendo a visualização do filme, até porque se relaciona com a realidade de hoje em dia. Podemos nem nos aperceber, mas estamos constantemente a ser observados. Claro que não é nenhum programa de televisão, mas não deixa de ser algo real e invasor da nossa privacidade.