Sete anos depois, B Fachada regressou à Casa das Artes, em Famalicão, com a simplicidade marcante que sempre o caracterizou.

Na noite do passado sábado, B Fachada atuou no café-concerto da Casa das Artes, em Famalicão. Com sala esgotada, o cantautor lisboeta interpretou múltiplos temas da sua vasta discografia, sem deixar de voltar, por alguns momentos, às canções do início da carreira.

Sem ter ainda subido ao palco, B Fachada entoou “Os fantoches de Kissinger”, de Zeca Afonso, com a voz despida, à capella, para uma plateia surpreendida que o esperava para mais uma atuação. Bernardo Fachada tocara naquele espaço, pela última vez, há sete anos. “Sete anos? Temos material para ficar aqui até amanhã de manhã”, brincou.

Há cerca de uma década que o “Tio B” tem vindo a estabelecer a sua posição de referência na música popular portuguesa do século XXI, contando já com um vasto reportório alusivo às tradições nacionais, inovadoras na peculiaridade própria do multi-instrumentista e nostálgicas pela inspiração que busca nos seus camaradas musicais.

Do seu ritmo imparável de edições, mesmo contando com a pausa sabática pelo meio, surgiram trabalhos como “Há Festa na Moradia”, “O Fim”, “B Fachada é Pra Meninos” e o refrescante “Criôlo”, de 2014. Em 2018, reeditou o seu “Viola Braguesa”, que completou uma década no ano passado. “Balada à Mariana” faz parte deste álbum e foi um dos temas escolhidos para o alinhamento da noite de sábado. A intimidade pronunciada jogou com a escuridão colorida presente na sala, criando um ambiente favorecedor ao destaque de Fachada, que, sozinho, encheu bem o palco.

Seguiu-se uma set-list híbrida, protagonizada por um B Fachada bem-disposto e interativo com a sua audiência. “Questões de Moral”, “Camuflado”, “Crus”, “Afro-Xula”, “É normal” e “Não pratico habilidades” foram alguns dos muitos temas que o compositor ofereceu aos seus ouvintes atentos. Quem o segue há algum tempo, sabe que uma das maiores influências do músico é Zeca Afonso, interpretando, para além da canção que deu mote ao início do concerto, “Teto na Montanha”.

Recorrendo mais vezes ao teclado sintetizado e ao acompanhamento de backing tracks, não deixou de fora a fiel braguesa que o escolta desde o início. “Anda que está dura” foi uma das poucas acompanhadas pelo instrumento determinante na imagem de marca de B Fachada. “’Dá mais música à bófia’ nasceu de um simples excerto do Vitorino”, explicou Fachada, que apesar de ser um letrista e compositor de referência em Portugal, renova constantemente material de outros músicos que admira.

Sempre que Fachada entoou temas mais populares da sua discografia, notou-se uma evidente satisfação dos seus seguidores de longa data, presentes no café-concerto da Casa das Artes. Foi o caso de canções como “Quem quer fumar com o B Fachada” e os clássicos “Tó-Zé” e “Joana Transmontana”, que tocou como encore final, já visivelmente cansado: “eu tenho uma família em casa, vocês não sabem a que horas eu acordei hoje”.

Dono da sua individualidade marcante, B Fachada rapidamente se tornou num nome sonante no campo dos cantautores nacionais. No próximo dia 15 de fevereiro, atua em Parede, no Festival Micro Clima.