A dificuldade de acesso é apontada como uma das principais causas para os resultados do relatório da OCDE.
Portugal é um dos dos países do mundo que apresenta uma maior diferença entre o número de alunos do ensino secundário e aqueles que ingressam num curso superior, dados revelados pelo relatório anual sobre a Educação da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE).
Existe uma grande discrepância entre os alunos que frequentam o ensino secundário e o Ensino Superior revelou a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE). Cerca de 60% dos alunos não prosseguem estudos superiores. Cláudia Sarrico, especialista da OCDE, compreende que terá que haver mudanças, não só nos cursos profissionais como também nas formas de acesso e nas ofertas do Ensino Superior.
Publicado em setembro, o relatório mostra que na faixa etária dos 16 e os 17 anos, em Portugal, 98% está inscrito em instituições de ensino, contra os 95% e os 92%, respetivamente, na OCDE. Já dos 15 aos 19 anos, os resultados aproximam-se também dos restantes países do mundo – 89% contra os 85% da OCDE. A partir dos 19 anos, começa-se a verificar uma queda abrupta.
Estima-se, através dos resultados obtidos, que mais de metade dos jovens com 20 anos não estão, atualmente, a estudar. Dos 20 aos 24 anos, apenas 37% dos portugueses frequentam o Ensino Superior, sendo que na OCDE o valor ronda os 40%. Na União Europeia, a média aumenta para 43%, fazendo com que a diferença seja ainda mais acentuada. Já na faixa etária dos 25 aos 34 anos, apenas 34% possui formação superior- menos 10% que a OCDE.
Cláudia Sarrico afirma que cerca de metade dos alunos inscritos no ensino secundário, do 10º ao 12º ano, metade frequenta cursos profissionais. Muitos dos alunos optam por frequentar o ensino profissional para conseguir ingressar no mercado de trabalho e, consequentemente, não prosseguem os estudos num curso superior. A especialista indica ainda que mesmo que, posteriormente, desejem prosseguir os estudos dificuldades no acesso podem ser maiores.
Na perspetiva de Cláudia o problema está, essencialmente, no acesso. O concurso nacional de acesso ao Ensino Superior baseia-se nos exames do ensino secundário e, nos cursos profissionais, os alunos não têm algumas das disciplinas que são necessárias às provas nacionais para o acesso. Quando as têm, os currículos são diferentes.
Em 2017, e face a este problema, o Governo garantiu mudanças na forma de ingressar para o Ensino Superior para os alunos do ensino profissional que deseja ingressar numa licenciatura, que até ao momento não foram concretizadas.
Nos cursos técnicos superiores profissionais, Portugal é um dos países da OCDE com menos alunos inscritos, com 5,19% contra os 19,65% da OCDE. A investigadora, afirma, em declarações ao jornal Público, que “a oferta tem de se adaptar para que seja de qualidade e os alunos não só entrem como também progridam e saiam com as competências”. Para a especialista, o país necessita de mais alunos no Ensino Superior, tal como se verifica no secundário.