Adonis Creed regressa. A sequela de Creed: O Legado de Rocky, inserido na lendária série filmológica Rocky, traz de volta o trágico fim de Appolo Creed, pai de Adonis.
Michael B. Jordan surge, uma vez mais, no auge da sua forma física, fazendo jus ao nome da personagem mítica do belo Adonis da mitologia grega. Como tal, os produtores optaram por gravar cerca de 70% das cenas em tronco nu, adicionando o reluzente brilho do suor que fez com que toda a plateia feminina escorregasse. (Penso que é importante referir que a aparência física do elenco não é o principal critério utilizado na escolha de um alvo de crítica! Prometo que para o próximo artigo procurarei um filme que conte com um jovem com acne, incapaz de completar uma elevação de braços e um homem com um fio de ouro, uma camisola manga cava branca, de onde espreitam pêlos do peito e as inúmeras cervejas bebidas a ver o Benfica.)
Ora, onde é que eu ia? Ah sim! O Michael B. Jordan em tronco nu que vence o WBC World Heavyweight Championship no início do filme e que é desafiado por Viktor, filho de Drago (o lutador que matou o pai de Creed no ringue), inserindo a intensa componente pessoal que se arrastou ao longo da história. O motor motivacional de Adonis é colocado, não no ringue, mas na sua consciência. Procura encontrar o porquê e, acima de tudo, por quem luta, introduzindo uma faceta sensível, frágil, vulnerável que confere à personagem uma profunda humanidade.
Os diálogos entre Adonis e Balboa revelam uma clara cumplicidade, denotando, mesmo nos momentos de desacordo, um nível quase familiar entre ambos. À semelhança do primeiro filme, a relação entre Adonis e Bianca (Tessa Thompson) não deixa ninguém indiferente. A química cativante entre os atores foi aumentando gradualmente com os desafios pessoais que lhes eram impostos, provocando numerosos momentos emotivos.
Outro aspecto crucial que conferiu ritmo ao filme, para além da banda sonora (evidentemente), foram as cenas de preparação para o grande combate. O realizador, Steven Caple Jr, apostou no espírito de sacrifício, realçou os obstáculos e fortaleceu o conceito de superação. Relativamente ao combate final, considero que houve um doseamento de emoção bastante pertinente, tendo em conta o filme como um todo. O ringue extravasou as cordas e envolveu todo o público, o murro não atingiu apenas os abdominais (imaculadamente definidos) de Adonis mas suspendeu também a respiração dos espectadores que, assim como eu, permaneceram cerca de seis minutos com o rosto deformado, os olhos semi-cerrados e o corpo ligeiramente contorcido.
O argumeto foi escrito por Sylvester Stallone e Juel Taylor e apesar de ser uma construção simples foi capaz de trazer frescura e uma certa nostalgia àquilo que à partida seria um desenlace previsível. Creed assume o controlo do seu destino, escreve a sua história na primeira pessoa, reconhecendo o seu valor enquanto individuo e redefinindo as suas prioridades. Creed vence a sua própria limitação: a mente. Abraça o adversário, o passado e põe gelo no nariz inchado, tentando estancar o sangue que pinga na carpete da sala da sua mansão, enquanto recupera do combate, lendo esta crítica.