Depois de passar pela capital, o artista com mais de 50 anos de carreira atuou em Braga.

Na passada noite de sábado, Mulatu Astatke, acompanhado pela sua banda The Heliocentrics, apresentou no palco do Theatro Circo, em Braga, o seu último álbum “Sketches of Ethiopia”. A sala esgotada acabou de pé a ovacionar o artista etíope.

Mulatu Astatke

Sofia Coelho/ComUM

A noite começou com o Theatro Circo lotado para ver a lenda viva da música africana, apresentado pelos membros da banda como “Double Doctor” e “The Bishop”. Mulatu, que é o responsável por fundir o cancioneiro tradicional da Etiópia com as linguagens do jazz, foi recebido com uma série de aplausos. De seguida, pegou nas suas baquetas, duas na mão direita e uma na mão esquerda e dirigiu-se para trás do vibrafone, posição que lhe é mais natural. O espétaculo começou com um tom suave, mas capaz de pôr qualquer um a dançar.

O músico, de 75 anos, tocou peças de toda a sua carreira, desde os anos 1960, década em que esteve em voga tanto nos Estados Unidos como na Europa, até ao seu álbum mais recente, datado de 2013 que, como referido por ele, grandes nomes da música pop já usaram como referência.

A sua música, pontuada por cool jazz, salsa, funk e uma sonoridade que remete a toques árabes e indianos era muitas vezes acompanhada pelas palmas do público, que pôde então ouvir músicas que marcaram a carreira de Mulatu, tais como “Yèkatit”, “Motherland”, “Green Africa”, única música acompanhada pela voz de um dos membros da banda e, ainda, algumas das músicas compostas para o filme “Broken Flowers” de Jim Jarmusch.

Mulatu Astatke, que foi o primeiro aluno africano na prestigiada Berklee College of Music, de Boston, faz o papel não só de multi-instrumentalista como de maestro para os restantes membros da banda. Cada música parecia homenagear cada um desses 8 instrumentos que, contribuem igualmente para a harmonia dos arranjos. As capacidades solistas de cada um dos membros da banda foram igualmente postas à prova durante todo o concerto.

Mulatu acabou o espetáculo dedicando uma música a si mesmo, intitulada com o seu próprio nome, despedindo-se da multidão com um simples “obrigado, nós gostamos muito de vocês”, enquanto recebia uma ovação em pé.