Nos tempos mais remotos, as mulheres eram consideradas ‘inferiores’ em relação aos homens. No entanto, isso tem vindo a mudar. Com a conquista pela igualdade na vida social, é também preciso lutar pelo mesmo no desporto.

Todos conhecemos a expressão “o futebol não é para meninas”. A verdade é que quer no desporto-rei, quer nos outros, o sexo feminino foi sempre o menos favorito. Isto deve-se ao facto de o modelo de organização desportiva ter sido construído pelos homens e por, inicialmente, se destinar exclusivamente ao sexo masculino. Com a luta pelos seus direitos, as mulheres têm conseguido vingar nesta área. Ainda assim, apesar de a evolução positiva ser notória, o desporto feminino ainda vive na sombra do masculino.

Os obstáculos que têm de ultrapassar para alcançar os seus sonhos são vários, mas um dos que mais sobressai e que é reflexo da desigualdade é o salário. Em 2017, na lista da Forbes, apenas Serena Williams integrou a lista dos 100 desportistas mais bem pagos. A tenista ocupou o 51º lugar, com ganhos no valor de 21 milhões de euros, menos 54 que Cristiano Ronaldo, líder do ranking. Em 2018, devido à gravidez, Serena desceu abruptamente na classificação e nenhuma mulher entrou na lista.

Em termos de equipas de futebol – falamos desta modalidade por ser o desporto-rei e aquele que engloba mais dinheiro –, o Lyon, clube que domina no feminino a nível europeu, tem um orçamento anual de 8 milhões de euros. Este valor pode até parecer alto, mas quando comparado com os homens nota-se uma enorme diferença. Por exemplo, só Messi tem um salário bruto cerca de cinco vezes superior.

Em Portugal, o desporto feminino tem vindo a dar cartas e as nossas atletas têm sido reconhecidas internacionalmente. Desde logo no futsal. Recentemente, Ana Catarina foi eleita a melhor guarda-redes do mundo. Em termos coletivos, a seleção que representa esta modalidade foi campeã olímpica da juventude, em 2018. Inês Henriques, Rosa Mota, Telma Monteiro e Fernanda Ribeiro são exemplos de conquistadoras que certamente vão ficar na história do desporto português.

Como se percebe pelos nomes referidos anteriormente, a modalidade com mais títulos e em que há mais equilíbrio entre géneros é o atletismo. Por exemplo, nos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro, 30 mulheres representaram Portugal, um recorde de participações femininas nesta competição. Pelo facto de este evento ser mais mediatizado, os atletas e as atletas são mais conhecidos e mais conhecidas.

E já que se tocou no ponto do jornalismo, o primeiro meio em que este problema deve ser resolvido é a comunicação social. Não é só no desporto praticado que se notam as diferenças de género. Em paralelo, no jornalismo desportivo são, ainda, poucas as mulheres que fazem parte da área. Podemos ter como exemplo as pessoas que estão numa bancada de imprensa de um estádio. Em 100 jornalistas, apenas dez são do sexo feminino e quase todas da imprensa escrita.

Portanto, vemos que ainda existem muitos caminhos para trilhar no desporto feminino. Ainda é preciso saltar muitas barreiras. Ainda é preciso marcar muitos golos. Ainda é preciso marcar muitos cestos. E acima de tudo… ainda é preciso mudar muitas mentalidades. Para já é preciso continuar a lutar e mostrar que as mulheres também conseguem ganhar títulos.