Ágætis Byrjun é o segundo álbum de Sigur Rós, lançado em 1999. Fiéis às suas raízes no Rock alternativo/post Rock, a banda islandesa termina a década de 90 com um projeto que nos aquece e enriquece. Não é novidade que o trio das terras do gelo nos consegue trazer boa música, mas este projeto é marcante e intemporal dentro deste estilo.
O projeto começa com uma introdução, que nos dá a sensação de que estamos a ouvir a música ao contrário. Entramos numa espécie de transe muito característica do grupo, onde calma e serenamente navegamos pelo oceano que é este álbum, remando com a corrente em cada canção.
“Svefn-g-englar” entra de seguida. O falsete característico do vocalista Jón Þór Birgisson deixa-nos a flutuar em águas calmas e profundas. Quando damos conta, dez minutos se passaram, e continuamos a remar para a nossa própria paz.
Várias cordas e violinos depois, incluíndo harmonias belíssimas em “Starálfur”, e uma referência à natureza bastante presente em “Flugufrelsarinn”, chegamos a “Ný batterí”. A melodia, por ser tão violenta, contrasta com a letra, que quase remete ao passado viking. A canção fala de como a vida nos deixa de rastos e nos pontapeia, mas que é preciso recarregar energias. Daí o nome da faixa, traduzida para português, “Baterias novas”. Esta mesma energia começa-se a fazer sentir a meio do tema, com a bateria mais marcada, a voz mais presente e os metais numa confusão perfeitamente sincronizada.
“Viðrar vel til loftárása”, mais dez minutos de auto reflexão no meio do mar, de cordas e pianos, com direito a invocações dos céus. Citando o cantor, “A melhor coisa que deus criou foi o novo dia”. Com esta frase chave, o vocalista fecha a canção, acompanhado de um belíssimo crescendo.
Segue-se “Olsen Olsen”. Melodioso e agradável ao ouvido, o solo de flauta remete-nos para um tempo quase medieval, com uma guitarra e baixo bastante simples, já que o foco da faixa é a flauta e as cordas.
Em antepenúltimo, “Ágætis byrjun”, o tema que dá nome ao álbum. A letra é direcionada para um novo começo, “um bom começo”, porque apesar de todos errarmos, há sempre uma hipótese de recomeçar. A voz suave do vocalista perpetua aquele mesmo transe, que nos acompanha desde o início do álbum. Por fim, aparece “Avalon”, uma canção que quase parece um murmúrio. É um instrumental muito soft, que conclui o álbum de forma muito coesa, pelas cordas quase abafadas e o volume muito baixo.
Ágætis byrjun é um álbum a ouvir, sem dúvida alguma. Ao criar temas muito calmos mas repletos de emoção, os islandeses conseguiram trazer a bonança depois da tempestade, que nos deixam muito relaxados enquanto ouvintes.
# ARQUIVO | Ágætis Byrjun: os adorados Vikings
8/10
Álbum: Ágætis Byrjun
Banda: Sigur Rós
Data de Lançamento: 12 de junho de 1999
Editora: KRUNK