A licenciatura em Biologia Aplicada reside no Departamento de Biologia do Campus de Gualtar. É um curso que promete um conhecimento amplo de toda a Biologia, o que é correto afirmar, e aplica-se a uma vertente mais prática da área, na qual existem problemas.
Apesar de tentar dar uma educação baseada na parte mais prática e de cumprir o que promete, com um vasto plano de estudos que mostra várias vertentes da Biologia, o curso não o consegue fazer em pleno, segundo a opinião de grande parte dos alunos que o NEBAUM representa.
Podemos começar com o Departamento de Biologia, situado na Escola de Ciências. É conhecido pelos alunos como um edifício relativamente antigo e que está constantemente com algum problema por resolver. A qualidade das instalações não favorece a aprendizagem, com poucos laboratórios de ensino que estão ‘parados no tempo’ dada a sua falta de inovação. É justo não se apresentarem equipamentos de elevada qualidade a meros estudantes, mas a falta de confiança compromete o conhecimento e a prática e faz com que os alunos não estejam tão bem preparados para um futuro profissional em que equipamentos como esses são usados todos os dias e têm de ser compreendidos.
Os equipamentos que de facto podemos usar estão em falta ou avariados. Os alunos têm de partilhar aparelhos que não é suposto serem partilhados. Os professores, muitas vezes, querem fazer uma determinada atividade, mas não lhes é possível realizá-la, pois o único aparelho que existe no departamento está avariado. São coisas assim que fazem com que os alunos pensem na qualidade da sua ‘casa’ e avaliem as suas estruturas.
A nossa licenciatura culmina na organização e elaboração de um projeto, mas que dura pouco mais de três meses. É uma forma de nos introduzir ao mundo exterior, ao que pode vir a ser o nosso trabalho um dia, principalmente em ambiente de investigação. Nesses três meses temos que mostrar as capacidades que fomos adquirindo ao longo da licenciatura. Nomeadamente, há uma componente prática bastante nesta cadeira, o que é algo bastante positivo.
No entanto, a sua curta duração é desproporcional ao tempo da licenciatura e às aprendizagens e não é suficiente para nos sentirmos competentes ou realizados. Com a compreensão da temática, os tempos de leitura e ainda organizar e realizar as atividades práticas neste pequeno período de tempo não nos prepara em condições para um possível mercado de trabalho que está cada vez mais rigoroso e exclusivo.
Seria de elogiar soluções como um laboratório prático onde os alunos pudessem melhorar as suas competências e capacidades fora do horário de aulas. Ou até a organização de workshops em que se mostrassem técnicas e regras de laboratório para que houvesse mais tempo para realmente praticar nas aulas. Mas para isto poder acontecer tem que haver responsabilidade e principalmente confiança nos alunos que se inserem no nosso curso. Isso tem que ser trabalhado entre professores e alunos, pois é uma porta que ainda não está totalmente aberta e que o NEBAUM tem tentado abrir cada vez mais.
Desta forma, acho importante apresentar aos alunos de Biologia Aplicada uma educação prática, não mais completa, mas com uma maior qualidade. Existe uma cultura de poupança nos nossos laboratórios, o que por um lado é correto e louvável, mas que por outro deixa os alunos aquém das suas necessidades. Temos de apostar em formas de dar independência e capacidade de autonomia aos alunos. Devíamos arriscar mais na formação prática, alargar fronteiras e tentar inovar porque de facto estamos em Biologia Aplicada, mas o que somos nós se não soubermos aplicar a Biologia?