Ceramic Dog, o trio de Marc Ribot, converteu o que seria mais uma aborrecida tarde de domingo em Braga num grito de alerta para os perigos que se levantam no nosso mundo.
Marc Ribot´s Ceramic Dog atuaram, no passado domingo, na Blackbox do Gnration, que os recebeu com lotação esgotada. Esgotados ficaram, sem dúvida, todos os presentes que prestaram atenção às letras, aos ritmos e à mistura caótica de rock, punk, jazz e world music. Sobretudo, o mais impressionante foi o grito de revolta do aclamado guitarrista norte-americano e do seu trio, afirmando-se denunciadores do ódio que se alastra na civilização ocidental, tornado evidente nas políticas e atores políticos que, nos últimos anos, ganharam um poder assustador.
O trio Ceramic Dog, composto por Marc Ribot na guitarra e voz, Shahzad Ismaily no baixo e Ches Smith na bateria, percorreu, na íntegra, o seu novo álbum, “YRU Still Here?”. Segundo o próprio Marc Ribot, este álbum surge da necessidade de reagir às calamidades sociais e políticas que, nos últimos dois anos, têm aflorado nos EUA e, consequentemente, no resto do mundo, tornando-se hoje quase banais.
Perante o despotismo de certas figuras públicas, representantes de elites sociais e económicas, o grito de protesto surge, no terceiro álbum da banda (que, aliás, já perfez a década de existência) na forma de letras ferozes e batidas que, não permanecendo presas a nenhum estilo, nos remetem sobretudo para o punk de outrora.
Marc Ribot, o mestre da guitarra que já colaborou com músicos como Elvis Colstello, Robert Plant, Caetano Veloso e que teve um papel fundamental na carreira de Tom Waits, deixou bem claro que ainda está por cá, e deu a oportunidade aos presentes de refletirem sobre o que se anda a passar mesmo à frente dos nossos olhos, enquanto nos deixamos contagiar pelo som provocante e desafiador de estilos.