No evento promovido pelo Núcleo de Estudantes de Ciência Política, o deputado centrou o seu discurso no futuro da Europa.
Miguel Morgado, deputado da Assembleia da República pelo PSD, marcou presença no Encontro Nacional de Estudantes de Ciência Política, na passada quarta-feira, na Escola de Economia e Gestão da Universidade do Minho. O painel “Europeias 2019: Prognósticos e Consequências” teve como foco as próximas eleições para o Parlamento Europeu, a decorrer entre 23 e 26 de maio.
“A grande fratura da Europa ia decorrer entre o norte e o sul, mas acabou por acontecer entre leste e oeste”, referiu Miguel Morgado, que julga haver um “conflito entre a Europa interpretada por Macron e a Europa interpretada por Orbán”. A seu ver, o presidente francês Emmanuel Macron representa “a pura universalidade” de liberdade do indivíduo e da garantia de direitos numa Europa federal. Por outro lado, considera que o primeiro-ministro húngaro Viktor Orbán representa “a pura particularidade” de uma Europa menos focada nos direitos dos cidadãos, mais focada na soberania dos países europeus e na preservação dos valores tradicionais.
Para Morgado, os europeus devem mudar estes paradigmas e aplicar os pontos positivos que cada um traz para a mesa. Deste modo, o deputado considera necessária uma “intensificação do debate político” e denuncia um silenciamento da discussão pública face aos assuntos europeus, que tem simplificado as perspetivas na esfera pública para apenas uma postura pró-europeísta e uma postura antieuropeísta.
“As democracias podem morrer por excesso de conflito, mas também podem morrer por excesso de consenso. Depois, quando a perspetiva do consenso não responde aos problemas, as pessoas procuram soluções por agentes antidemocráticos”, explanou. Morgado sugeriu um debate entre a perspetiva pró-europeísta de esquerda e a perspetiva pró-europeísta de direita.
Miguel Morgado aproveitou para tecer um aviso aos estudantes presentes no auditório: “Não devemos banalizar os problemas, mas devemos suspeitar da narrativa que nos é impingida pelos poderes políticos e pelos media”. Alertou também alertou para os alunos aprenderem a pensar por si mesmos, após crescerem num mundo de “fluxos de informação” geridos por partes interessadas.
Ana Sousa e Diogo Sousa