Joseoh Kosinski, o realizador de “Tron: Legacy” e “Oblivion” deixou o mundo da ficção-científica para conduzir um filme real, bem real. Construído de forma a homenagear todos aqueles que arriscam a vida a combater os fogos, os bombeiros, o filme demostra a dificuldade que estes têm para conciliar a vida pessoal e profissional. Com esta intenção, Kosinski trouxe para os grandes ecrãs a comovente história de um grupo de 20 bombeiros de elite conhecidos como “Granite Mountain Hotshots”.

só para bravos

A fórmula para o sucesso deste filme foi, desde logo, a forma como nos é mostrado o ambiente de convívio e trabalho entre as personagens, através de brincadeiras e provocações, incitando em nós compaixão e carinho por estes bombeiros. Apesar do filme dar ênfase a apenas dois dos 20 bombeiros, não peca por aí, pois embora os restantes 18 estejam narrativamente ausentes, são constantemente relembrados com grandes planos do grupo, fortalecendo o sentimento de cumplicidade e amizade presente entre eles desde o início.

É de destacar o trabalho de atores como Josh Brolin, Jennifer Connlley, Jeff Bridges e Milles Teller, para o impacto emocional deste filme. Josh Brolin representa Eric Marsh, o superintendente que lidera a equipa de bombeiros. Trata-se de um homem teimoso e intransigente, com uma personalidade carismática, logo Josh, admita-se, tem uma certa facilidade de representação face às caraterísticas da personagem com que já se familiarizou em outros trabalhos. Porém, a sua interação com Jennifer Connelly, que veste o papel de Amanda, é um pouco desnecessária e mal conseguida e é aqui que o filme peca. Se compararmos isto ao tempo investido em Jeff Bridges, que interpreta Duane, grande amigo de Eric, ficamos com a sensação que poderia sair algo muito melhor, a personagem está bastante limitada e com passagens pouco satisfatórias.

only the brave

Do outro lado temos um novato, que aspira entrar na equipa de bombeiros, Brendan McDonough. É um jovem que deixa o vício das drogas ao descobrir que será pai, despertando nele um espírito de mudança em querer ser um homem melhor. Esta personagem foi representada pelo talentoso Miles Teller, que desempenha uma prestação incrível. Foi capaz de transmitir todos os anseios de um jovem pai e os problemas que a carreira de bombeiro acarretava. Aqui é de salientar a sua contracena com Taylor Kitsh, que interpreta Chris MacKenzie, o “gozão” do grupo, que faz a vida negra a Brendan quando este integra o corpo de bombeiros. Ao longo do desenlace da história as personagens passam de uma rivalidade e antipatia gratuita para uma bela amizade, fazendo um duo de sucesso, um dos melhores pontos do filme.

De uma forma repentina somos catapultados para o derradeiro cenário, o incêndio de Yarnell Hill, que se revelaria uma tragédia ao vitimar 19 dos 20 bombeiros. Aqui, o filme faz jus ao seu nome, pois só bravos vão segurar a lágrima ao serem confrontados com toda a ausência e agonia sentidas pelas famílias daqueles heróis.

No que toca à fotografia, Só para bravos é excelente. A composição visual torna o filme muito próximo da realidade. Retrata o fogo como um “monstro capaz de nos tirar tudo”, com incríveis planos de toda a sua rapidez e poder. Passamos de belas paisagens para um cenário de destruição e em vários momentos temos, também, a perceção direta da magnitude das chamas com as personagens cercadas pelo o fogo.

A banda sonora enquadra-se ao tipo de filme, serena. O estilo musical é o rock, onde as letras são direcionadas para a causa: o combate às chamas. A música oficial é Hold The Light” de Dierks Bentley e é palco de uma bela homenagem prestada por Kosinski no final do filme, com a passagem de fotografias dos reais heróis que tombaram em combate.

É um filme com alto teor de emoção, sendo impossível ficar indiferente a esta história. Uma homenagem merecida a todos aqueles que dão a vida por nós.