O concerto de aniversário do Coro Académico da Universidade do Minho (CAUM) contou com vários convidados e muitas surpresas.

O CAUM celebrou o 30.º aniversário num concerto único. Através das suas canções mostraram à plateia bracarense o sentimento que os une. A celebração decorreu este sábado à noite na sala principal do Theatro Circo.

“Fé” foi a primeira música e, desde início, encheu a sala de melodia com dezenas de vozes em palco. Nas telas surgiu uma das frases mais aclamadas de Fernando Pessoa: “Deus quer, o homem sonha, a obra nasce”. Esta foi a deixa para o momento seguinte. Um rapaz, membro do coro, chegou-se à frente e interpretou o tema “Panis Angelicus”. Uma voz delicada e genuína que não deixou ninguém indiferente. Era inevitável: no fim de cada música, uma entusiástica salva de palmas.

Este espetáculo, para além de juntar toda a família CAUM, contou também com a presença de vários coros internacionais e alguns grupos culturais da Universidade do Minho.

O primeiro convidado a juntar-se ao coro da academia foi o Grupo Polifonico Claudio Monteverdi, italianos marcados por vozes graves e fortes. Surgiram nas telas imagens da ida do coro a Itália e da vinda a Portugal dos seus companheiros italianos. “Locus Iste” foi o tema escolhido para dar a conhecer à plateia este grupo.

Num momento mais interativo com o público, subiram ao palco quatro coristas, duas delas vestidas como caloiras da Gatuna, para explicar como é que a Gatuna e o CAUM se juntaram. A Gatuna existe há 25 anos e nunca tinha feito nada com o CAUM, por isso, “fazia sentido juntar”, referiu uma delas, acrescentado que têm uma música em comum.

A Gatuna interpretou “Braguesa” num momento onde não podiam faltar pandeiretas no ar. Depois, o CAUM subiu ao palco e juntos entoaram “Gente humilde”, de Chico Buarque e Vinicus Moraes, ouvindo-se o som da flauta transversal, das cordas e o das vozes com sotaque do Brasil.

Outro dos convidados foi o coro romeno Voces Female Choir. No tema “Bring me Little Water Sylvie” sentiu-se o tradicionalismo da Roménia. Uma corista começou por sussurrar algumas palavras e depois, todas juntas, conquistaram a plateia.

O momento que se seguiu foi de sátira à Tuna Universitária do Minho (TUM). Quatro coristas, com um casaco vermelho sobre os ombros, fizeram um pequeno teatro e cantaram de forma a imitar os membros da TUM. “Ser Poeta”, poema de Florbela Espanca, foi o tema que os uniu.

Após o intervalo, as cortinas subiram para ouvir outro grupo convidado: a Azeituna. Declamada a música “Mostrengo”, aconteceu o momento insólito da noite. Sem ninguém estar à espera, uma mulher do público pede em casamento um membro da Azeituna. O “sim” encheu os corações da plateia e tornou ainda mais mágica a noite.

Foi tempo de ouvir e ver Rui Paulo Teixeira, antigo maestro do coro. “É com alegria hoje que vejo tantos coristas, alguns já não conheço. Entre muitas experiências, as que mais me marcam é chegar a casa às segundas e quintas e não ter o coro para dirigir. Pelo menos duas vezes por semana tenho-vos em memória”, afirmou.

Na batuta Rui Paulo Teixeira e na guitarra Kaku Alves, outro convidado, os ecrãs foram invadidos por imagens da viagem do CAUM a Cabo Verde. Era a vez de ouvir “Ilha de Santiago”. Pela beleza de uma voz feminina que começou a música, pela leveza das vozes do restante coro, pelas palavras com o sotaque típico, a música transportou o público até à ilha cabo-verdiano.

O concerto de aniversário contou também com a presença de veteranos do CAUM. O palco não podia estar mais preenchido, com gerações diferentes, mas a mesma paixão. Todos juntos, cantaram temas como “Acordai”.

“Emoção” foi a palavra escolhida por Fernando Lapa, também antigo maestro, para descrever a noite. Com o homem da batuta “ao leme” e com os grupos académicos convidados, o espetáculo foi encerrado sobe a harmonia do “Hino da Academia”.