Em 1992, os R.E.M surpreenderam os fãs com o lançamento de Automatic For The People Este disco surgiu como “a cereja no topo do bolo” no percurso musical do quarteto norte-americano, que já tinha conquistado uma posição de relevo com Out Of Time, lançado um ano e meio antes.

Com um ritmo melancólico e letras muito mais contidas e remetentes para a reflexão, Automatic For The People revelou um estilo mais voltado para o Rock alternativo. A grande surpresa dos fãs incidiu nesta escolha, devido à onda Pop que pautara o álbum antecedente.

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A voz melódica de Michael Stipe, os suaves riffs de guitarra de Peter Buck e de Michael Mills no baixo, as batidas especiais de Bill Berry na bateria, bem como a constante utilização do piano são alguns ingredientes que compõem as doze canções deste disco. O projeto conta com a excecional participação de John Paul Jones, membro dos Led Zeppelin, nos arranjos de cordas.

Destas doze faixas, “Everybody Hurts” seria, certamente, a canção merecedora de maior destaque, devido ao sucesso global que alcançou desde a sua criação, e que se prolongou ate aos dias de hoje. Esta faixa transmite aos ouvintes uma mensagem de esperança e de força, como se pode verificar nos célebres versos. “Don’t let yourself go, ‘cause everybody cries” e, ainda, “No, you’re not alone“.

Contudo, Automatic For The People oferece uma boa quantia de outras canções que, embora menos conhecidas, estão extremamente bem conseguidas. Exemplo disso são as canções “Drive”, “Nightswimming” e “Man On The Moon”.

“Drive” é a canção de abertura do álbum e, também, uma das que melhor resume o disco. Ao utilizar de forma constante a expressão “Hey, kids“, fica a ideia de que o destinatário da faixa são os mais jovens.

“Man On The Moon” surge como uma homenagem ao falecido comediante Andy Kaufman. De facto, ao longo da canção, encontram-se várias referências diretas ao mesmo. “Andy Kaufman in the wrestling-match” e “Now, Andy, did you hear about this one?“.

Por fim, “Nightswimming” surge como uma das canções mais peculiares, mas também mais bonitas, de todo o projeto. Sem bateria ou guitarra, esta canção inclui apenas um piano, um oboé e um arranjo de cordas por trás da poderosa voz de Stipe.

O que faz deste álbum uma mais-valia no panorama musical é a carga pessoal e autobiográfica que a banda incorpora nas letras das canções. No fundo, o álbum funciona como um diário, onde cada um dos elementos do grupo transforma as suas mágoas e memórias em boa música, cabendo aos ouvintes identificar-se, ou não, com os temas.

Em suma, Automatic For The People é um álbum bastante completo, que transmite a quem o ouve uma sensação de calma e tranquilidade, ao longo das 12 faixas. É o projeto ideal para quem pretende passar uma hora relaxada, ao som de boa música.