Se7en: Os sete pecados mortais é a grande obra de David Fincher. O filme chegou a Portugal em fevereiro de 1996 e marcou uma época, bem como a memória de todos até aos dias de hoje.
Toda a gente é familiarizada desde a infância com os sete pecados mortais: é preciso ter cuidado com a gula, avareza, preguiça, ira, inveja, orgulho e luxúria. Neste filme o brilhante David Fincher conseguiu elevar a regra a um outro nível.
Tudo começa com William Somerset (Morgan Freeman), um detetive com a reforma à porta, que encara o seu último caso, com a ajuda de David Mills (Brad Pitt), um detetive transferido recentemente. O primeiro caso deixa a dupla improvável algo confusa e só com o segundo corpo é que os detetives desvendam a verdade aterradora com que estão a lidar. O assassino que procuram vê-se como o “escolhido” para fazer justiça, de modo que as suas vítimas são pessoas que ele acredita representarem os sete pecados mortais.
Somerset e Mills passam por dias negros para tentar decifrar cada local do crime e encontrar o assassino. São obrigados a pesquisar e a ler obras como a “Divina Comédia de Dante”, “O Paraíso Perdido”, de John Milton e “Os Contos da Cantuária”, de Geoffrey Chauncer.
Se7en permite aos espectadores mergulharem na cabeça de um assassino e descobrir até onde pode ir a mente humana. Numa listagem do que, na minha opinião, seriam as piores formas de morrer, cada crime é mais macabro e sofisticado do que o anterior. Não há um único momento em que se possa dizer: “sim, faz sentido, é o que eu pensaria nesta situação”. De facto, cada crime foi muito bem pensado e carrega uma carga emocional muito forte.
John Doe (Kevin Spacey) é sem dúvida o psicopata mais brilhante de sempre. Tudo o que ele fez durante o filme foi estudado e pensado ao pormenor. É, tal como o detetive Somerset chega a dizer, “um sujeito metódico, preciso e, pior de tudo, paciente”. De facto, Doe é tão paciente que chega a entregar-se livremente às autoridades só para poder ver concretizado o seu plano final.
O elenco é fenomenal e Fincher não podia alguma vez desejar atores mais bem conceituados. Desde Morgan Freeman até Brad Pitt, sem esquecer a esplêndida Gwyneth Paltrow (no papel de Tracy Mills, esposa de David Mills) e o admirável Kevin Spacey.
A banda sonora, bem como os efeitos, são, sem dúvida, um fator de grande influência no filme. O nível elevado de suspense é ainda mais reforçado e os espectadores ficam em tensão, inevitavelmente, durante grande parte do filme.
O final acaba por ser de certa forma previsível, dada a história de vida e o caráter de David Mills. No entanto, é de facto o desenlace que torna Se7en tão chocante e inesquecível.
Se7en: Os sete pecados mortais é sem dúvida uma obra-prima. David Fincher certamente não poupou esforços na realização do filme e isso reflete-se numa obra estonteante, que não se consegue parar de ver. Subscrevo as palavras cem por cento acertadas de Brad Pitt ao afirmar que este filme “é o mais próximo que esteve de um filme perfeito”. Felizmente para Fincher, o brilhantismo não é um pecado mortal. Sem dúvida, um filme que não se pode perder.
#ARQUIVO | Se7en: o crime mais brilhante da história
Título original: Se7en
Realização: David Fincher
Argumento: Andrew Kevin Walker
Elenco: Morgan Freeman, Brad Pitt, Kevin Spacey, Gwyneth Paltrow
EUA
1995