Um espetáculo com um elenco internacional e uma “metáfora acerca do mundo e da humanidade”.
Na passada noite de sexta-feira, o Theatro Circo abriu portas à peça de teatro “A Casa de Bernarda Alba”, de Frederico García Lorca, que contou com a participação do ator irlandês Sean O’Callaghan, que expressa o lado mais animal e, em contrapartida, o mais civilizado do ser humano.
Com os holofotes apontados para o palco, assim começou o espetáculo com um breve monólogo do ator sobre mitologia japonesa, que conta com a criação do homem e a morte, dando, deste modo, início à Casa de Bernarda Alba. Mãe de cinco filhas – Angústias, Madalena, Martírio, Amélia e Adela – Bernarda Alba decreta oito anos de luto após a morte do seu segundo marido e sujeita as suas filhas ao isolamento, proibindo-as assim de sair de casa.
“O que interessa aos homens são as terras, os bois e uma cadela que lhes dê de comer”, afirma Martírio, completando: “a agulha é para as mulheres, o chicote e os cavalos são para os homens”. Algumas frases da peça retratam a mentalidade da altura, que são também uma chamada de atenção para a atualidade.
Com a ajuda da sua fiel empregada, Bernarda mantém tudo sob um domínio esmagador, vigiando cada passo, cada respiração, perseguindo de perto cada movimento das cinco mulheres solteiras. Uma ditadura matriarcal que não olha a meios para impedir que o amor aconteça, alicerçado numa cruel disputa entre duas irmãs, Angústias e Adela, que fazem de tudo para ficar com um rapaz, Pepe Romano.
Esta peça alude para a realidade das pessoas que se fecham em si próprias, acreditando ser essa a melhor solução para enfrentar os problemas e inseguranças, a falta de esperança e as perspetivas para o futuro.