Um espetáculo para “crentes e não crentes”, "Paixão de Cristo" é a história de um homem comum, com estreia absoluta em Braga.
Uma das mais célebres histórias da antiguidade visitou, este sábado, o Altice Fórum Braga: a estreia da “Paixão de Cristo”. A peça tem coprodução da organizadora de eventos “Vive Eventos” e da “Décadas de Sonho”, empresa de recriação histórica e produção de espetáculos de impacto.
“Paixão de Cristo” juntou momentos de teatro, dança e canto em cenários simples, mas visualmente realistas e envolventes. Com entradas de atores por entre o público, contou-nos a história da vida de Cristo, com foco nas personagens e nas suas emoções.
Foram destacados alguns episódios bíblicos, entre eles o “Massacre dos Inocentes”, o nascimento de Jesus, Jesus na Corte de Herodes e a crucificação. Mas todos estes episódios, tal como a peça no seu todo, não tiveram como intenção qualquer tipo de doutrinação, nem demonstraram nenhuma subjetividade religiosa. Foi a história de um homem que todos conhecemos, cuja vida já nos foi contada, vezes sem conta, e que já vimos na televisão e no cinema.
Com todas as limitações que o teatro acarreta quando pretende contar este tipo de histórias (não temos os cenários, os efeitos e os ângulos de câmara do cinema), a alma do espetáculo recai sobre os atores e, nunca desvalorizando o som, a luz, os cenários, os figurinos e toda a produção necessária para nos dar a imagem final que nos foi apresentada, este é, numa história destas, um ponto crucial. Independentemente das crenças religiosas de cada um, toda a plateia sentiu a dor. A dor de Jesus, de Maria, de Verónica, de Maria Madalena, de Pôncio Pilatos.
Mais do que pelos aplausos em pé no fim do espetáculo, foi no silêncio do público e no ambiente pesado da sala que se tornou evidente a empatia da plateia por estas personagens em algumas partes da peça. A prestação profundamente verdadeira dos atores, principalmente dos principais, não escapou aos olhares e admiração do público.
Foi a história de Cristo, de novo contada através de um peça, que nos deixa, mais do que a pensar, a sentir.
Março 24, 2019
Parabéns pelo artigo.
Paulo Santos encenador e director artístico da Décadas de Sonho