Grease é a típica história de adolescentes que se apaixonam, mas que, por pertencerem a diferentes grupos, têm que se contornar a eles próprios para ficarem juntos. Como é expectável num musical, as personagens decidem confessar os seus sentimentos e emoções, cantando e dançando, acabando por ter um final feliz.
Durante o verão de 1959, na Califórnia, o norte-americano Danny Zuko e a australiana Sandy Olsson apaixonam-se. Quando o ano letivo começa, Sandy descobre que a família vai ficar a viver nos Estados Unidos da América. Os dois jovens, que pensavam que nunca mais se voltariam a ver, acabam por descobrir que estão a estudar na mesma escola.
Danny é o líder do T-Birds, um conjunto de rapazes que usam casacos de couro preto e conduzem motas. Sandy aproxima-se do grupo das raparigas que se vestem de rosa, as Pink Ladies. Chegando à conclusão que são muito diferentes um do outro, os dois adolescentes tentam tornar-se o oposto para poderem ficar juntos.
Danny, protagonizado por John Travolta, e Sandy, interpretada por Olivia Newton-John, são personagens sem grande densidade psicológica, que tentam mudar quem são só para conquistar o outro, quando a verdadeira personalidade de cada um já tinha feito a outra pessoa apaixonar-se. No entanto, os dois atores têm química, tornando a paixão das personagens mais real. Já Rizzo (Stockard Channing), a líder das Pink Ladies, com a sua personalidade mais sarcástica e revolucionária para o tempo, acaba por dar uma energia revitalizante ao filme.
“She looks too pure to be pink” é uma das frases do filme que mais me intrigou. Esta fala é a resposta de Rizzo a outra Pink Lady, Frenchy, quando questionada sobre a possibilidade de Sandy fazer parte do grupo. “She looks too pure to be pink” transmite a ideia de ser algo revolucionário. A cor rosa sempre foi muito associada à doçura, inocência e pureza, três características que representam bem Sandy Olsson. No entanto, quem veste os casacos rosa são Rizzo e as amigas, que mostram ser um símbolo de mudança. Ou seja, aqui esta cor parece estar mais associada à transformação e evolução feminina (muito adequado à época em que decorre a história), o que para Rizzo não combina com Sandy.
As músicas são, sem dúvida, o melhor deste filme. Quem não reconhece os hits “You’re The One That I Want”, “Summer Nights”, “We Go Together” e “Grease”? As canções, sim, são eletrizantes. É quase impossível não ter vontade de seguir os passos das personagens e começar a cantar e a dançar.
A caracterização das personagens transporta-nos perfeitamente para a década de 50, nos Estados Unidos da América. Nas raparigas, vêem-se os vestidos e as saias volumosas pelo meio da perna, os lenços ao pescoço, os cintos para acentuar a cintura e as calças, que a partir dos anos 50 começam a ter grande presença no guarda-roupa feminino.
Nos rapazes, em particular nos T-Birds, sobressaem os casacos de couro preto e as t-shirts brancas, que, juntamente com o cabelo penteado para trás, completam o look de motoqueiro. E uma escola secundária americana não é uma escola normal se não existir o grupo dos desportistas, com os casacos da escola, e as cheerleaders com os famosos pompons.
O filme tem o típico cenário idílico de um musical: muita luminosidade, cores vibrantes e o céu de um azul perfeito. Todo o cenário transmite a energia americana dos anos 50, desde os famosos restaurantes de fast food, com as cabines, os bancos altos e as cores neon, até a carros clássicos como Cadillac, Chevrolet e Dodge.
Não adorei. No entanto, reconheço que Grease, um filme de 1978, foi uma das grandes obras que abriu caminho a tantos outros filmes românticos de adolescentes que muitas pessoas, tal como eu, têm como guilty pleasure. E, pensando bem nas semelhanças, Grease pode até ser considerado o High School Musical original.
# ARQUIVO | Grease: it’s not that electrifyin’ to me
Título original: Grease
Argumento: Allan Carr e Bronte Woodard
Realização: Randal Kleiser
Elenco: John Travolta, Olivia Newton-John, Stockard Channing, Jeff Conaway
EUA
1978