Várias cidades saíram à rua. Em Braga, algumas centenas de pessoas participaram na greve feminista.
De roxo e negro, mulheres de várias nacionalidades encheram as ruas bracarenses de diversidade. As vozes femininas uniram-se, apesar da diversidade de línguas, para serem o “grito das que não têm voz”. Com início na Universidade do Minho, a Greve Feminista Internacional marcou o Dia da Mulher.
Celeste Amorim, estudante de Sociologia, foi uma das mulheres que deu rosto à luta de hoje. “Queremos mostrar que nós, estudantes, apoiamos estas causas. É importante mostrar que a Universidade do Minho acha que o feminismo ainda é necessário. A violência doméstica não é um fenómeno do século passado”.
Tal como a estudante, a cidade de Braga não ficou indiferente às 13 vítimas mortais de violência doméstica este ano – 11 mulheres, uma bebé de dois anos e um homem. “Nenhuma a menos, vivas nos queremos” foi uma das frases mais proferidas durante o protesto. As vítimas foram homenageadas, assim como Marielle Franco – a brasileira, rosto de muitas minorias, que foi assassinada há um ano.
“O feminismo é a verdadeira luta, aquela que não exclui”
Segundo a organização do evento, a violência a que as mulheres estão sujeitas é múltipla. Talvez por isso, o protesto da tarde desta sexta-feira invocava várias lutas: greve ao trabalho assalariado, ao trabalho doméstico e à prestação de cuidados, ao consumo de bens e serviços e greve estudantil. “Façamos de cada dia uma revolução”, é uma das frases que marca o evento.
No centro de Braga um microfone dá voz a múltiplas minorias. “O machismo, o racismo não passarão”, ouve-se em contraste com as palavras de quem já vivenciou momentos destes. As dores gritadas em Braga não são silenciadas. Cultivando o amor próprio, lê-se também “A(r)ma-te Mulher” e grita-se “mulher bonita é mulher que luta”.
“O feminismo é a verdadeira luta, aquela que não exclui”, ouve-se uma voz masculina na multidão de protestantes. É por ser a luta inclusiva que se grita “mulher negra está presente” e “mulher trans também é mulher”. Estas mulheres, que se reconhecem como irmãs, admitem que “o dia da mulher é o dia em que não têm medo de sair à rua, pois caminham lado a lado”.
“Ninguém larga a mão de ninguém”, é um dos berros de resistência que ecoa na ruas. Os manifestantes dão as mãos e fazem, mais uma vez, ouvir-se por Braga. A capital minhota foi uma das 12 cidades a aderir à greve feminista.